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- Categoria: Varejo Farmacêutico - Robson Bracciali
Um dos assuntos que mais tem circulado no varejo farmacêutico sem sombra de dúvidas, têm sido a evolução dos medicamentos genéricos e o seu futuro nos negócios. Porém, antes de analisarmos este assunto se faz pertinente olharmos um pouco da evolução deste importante produto.
Em 1999 foi sancionada a lei do medicamento genérico o qual tinha o intuito de facilitar o tratamento e a adesão dos pacientes proporcionando aos mesmos um preço acessível. Idéia nada nova, uma vez que há muitos anos o mundo já vinha trabalhando com isto.
Desde então, este tem sido um dos principais alvos da indústria farmacêutica, a qual tem visto o crescimento e constante evolução do produto no mercado e tem corrido para “pegar o seu lugar ao sol”.
Este comportamento é de se entender, uma vez que os números têm demonstrado esta tendência conforme gráfico abaixo:
Fonte: http://www.anvisa.gov.br/imagens/noticias_destaques/gene_destaque_gra_300707_gr.jpg
Só no Brasil, os genéricos hoje compreendem 19,6% (*) das vendas em unidades no conjunto do mercado farmacêutico. Nos países Europeus (Espanha, França, Alemanha e Reino Unido), a participação desses medicamentos é de 30%, 35%, 60% e 60% respectivamente. Nos EUA, mercado onde os genéricos têm mais de 20 anos de existência, o índice é de aproximadamente 60% de participação em volume.
(*) Fonte: IMS Health, set 09
No mercado brasileiro, já existem genéricos para o tratamento de doenças do sistema cardio circulatório, anti infecciosos, aparelho digestivo/metabolismo, sistema nervoso central, antiinflamatórios hormonais e não hormonais, dermatológicos, doenças respiratórias, sistema urinário/sexual, oftalmológicos, antitrombose, anemia, anti helmínticos/parasitários, oncológicos e contraceptivos, ou seja, é possível tratar com os medicamentos genéricos a maioria das doenças conhecidas e o vencimento de patentes de grandes laboratórios irão possibilitar a expansão das linhas de tratamento.
Porém, vemos ainda uma insistência por parte de donos de farmácias independentes, que ainda acreditam que a segurança do seu negócio está nas mãos do medicamento similar.
A migração para o grupo de genéricos é inevitável, empresas multinacionais ao verem as patentes, dos seus principais produtos serem quebradas, correram atrás de laboratórios nacionais que já trabalham com a linha de medicamentos genéricos há muito tempo para não perder a sua hegemonia no mercado.
A adesão dos consumidores ao medicamento genérico tem sido cada vez maior, com procuras espontâneas e outras por indicações médicas, que estão por sua vez entendendo que o baixo custo aliado à qualidade dos produtos, facilita o tratamento e o restabelecimento da saúde de seus pacientes.
Em 10 anos de presença no mercado brasileiro (1999-2009), a indústria de genéricos investiu perto de US$ 170 milhões na construção e modernização de plantas industriais no Brasil. Desde o início do programa dos genéricos, as maiores indústrias deste setor no mundo iniciaram movimento de vendas de seus produtos no país e estudos para a instalação de plantas industriais no mercado local, contribuindo decisivamente para a ampliação da oferta para os consumidores. A previsão de investimentos até 2010 é em torno de 354 milhões de dólares.O programa serviu também para o fortalecimento da indústria brasileira. Hoje, entre as 6 maiores empresas farmacêuticas 4 são brasileiras. São empresas que apresentam crescimento acelerado e as 4 produzem genéricos. No mercado de Genéricos, por origem de capital, cerca de 88% são nacionais, 3,6 % indianas, 1,8% alemã, 5,1% suíça, 1,1% americana e 0,3% canadense.Os medicamentos genéricos são, oficialmente, no mínimo 35% mais baratos que os medicamentos de referência. Na prática, na venda ao consumidor são em média 50% mais baratos.
Fonte: http://www.progenericos.org.br/mercado.shtml
Creio que para os próximos quatro anos, estes números irão subir de 2% a 3%, chegando a uma maturidade na casa dos 30% no mercado de genéricos, o que na verdade é um numero global. Porém, sabemos que o potencial de crescimento é muito maior, mas o investimento precisa melhorar e a conscientização dos proprietários de farmácias também.
Hoje a rentabilidade dos genéricos tem sido de 55% a 65%, o que na verdade esta quase que equiparado ao seu principal concorrente, os medicamentos similares. Creio que uma convergência de visão de negócio precisa acontecer urgentemente, na economia e no setor farmacêutico, fatores que irão contribuir com a população.
Artigo escrito por:
Robson Bracciali Barbosa - Farmacêutico