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- Categoria: Farmácia Hospitalar - Tiago Henrique Arantes
Manejo de Fármacos de Baixo Indíce Terapêutico no Ambito Hospitalar Através de um Serviço de Farmaco
1) INTRODUÇÃO
O monitoramento da concentração plasmática de alguns fármacos é baseado no fato da intensidade do efeito farmacodinâmico se correlacionar mais estreitamente com a concentração plasmática do que com a dose. Devido as grandes diferenças individuais, tanto na manignitude, quanto na extensão dos processos de absorção, distribuição, metabolismo e excreção dos fármacos, uma mesma dose pode ter efeitos distintos em diferentes indivíduos, inclusive no mesmo paciente em momentos diferentes, em função das suas características fisiopatológicas.
Sendo assim, a farmacocinética clínica é definida como um conjunto de atividades dirigidas que permitem a avaliação da concentração plasmática com base nos princípios farmacocinéticos e farmacodinâmicos para a individualização do regime posológico dos fármacos.
O principal objetivo constitui em alcançar a máxima eficácia terapêutica com a mínima incidência de efeitos adversos, minimizando a variabilidade na resposta clínica e proporcionando uma terapia efetiva e segura.
2) JUSTIFICATIVA
A farmacocinética clínica representa um componente integral de atenção farmacêutica na qualidade assistencial a pacientes selecionados, em função da sua farmacoterapia específica, condições patológicas e objetivo de tratamento, promovendo a redução do tempo de internação e da morbi-mortalidade (relacionada a erros de medicamento).
3) INDICAÇÃO DA MONITORIZAÇÃO
3.1) Seleção por Paciente
Diversos fatores fisiopatológicos e clínicos inerentes ao paciente podem modificar as características cinéticas da maior parte dos fármacos, exigindo em muitas ocasiões, ajuste posológico adequado. As principais causas de variabilidade na resposta a medicamentos inerentes ao paciente são:
- presença de fatores fisiopatológicos que afetem qualquer processo farmacocinético (liberação, absorção, distribuição, metabolização e excreção) como: insuficiência cardíaca, renal e hepática, neoplasias, fibrose cística. Variações importantes no volume de distribuição (hipoalbuminemia, reposição volêmica de grande volume, nutrição parenteral, terapia com fármacos vasoativos e ventilação mecânica)
- idade (pacientes pediátricos e geriátricos);
- risco alto de comprometimento do paciente com conseqüências clínicas graves (ex: tuberculose, AIDS, asma, transplante);
- estado nutricional/dieta;
- politerapia;
- obesidade;
- tabagismo e etilismo.
3.2) Seleção por medicamento
O programa de monitorização será iniciado com fármacos considerados prioritários para o hospital. Em geral, os fármacos selecionados apresentam o seguinte perfil específico:
- estreito intervalo terapêutico (seletividade do fármaco na produção de seus efeitos desejados versus efeitos adversos) ex: fármacos com cinética não linear;
- excelente relação dose/concentração plasmática ou concentração/efeito terapêutico ou tóxico;
- ampla variabilidade cinética interindividual (fatores genéticos e ambientais);
- presença de interações medicamentosas farmacêuticas, farmacocinéticas e farmacodinâmicas de relevância clínica.
Fig. 1. Exemplos de fármacos comumente monitorizados.
4) SOLICITAÇÃO DA MONITORIZAÇÃO
Uma rotina deve ser descrita, inerente a cada fármaco, respeitando o steady-state e o período ideal de coleta. Um documento institucional deve ser confeccionado contendo informações a respeito da história clínica do paciente, bem como os dados que justifiquem a atividade assistencial, além de contemplar os itens abaixo:
- identificação do paciente;
- dados do solicitante (médico/farmacêutico clínico);
- dados clínicos relevantes (diagnóstico, insuficiência renal, hepática, cardíaca, creatinina, albumina, etc.);
- motivo da solicitação;
- fármaco solicitado, intervalo terapêutico usual, concentração;
- dados referentes a coleta da amostra e a última dose administrada;
- tratamento atual.
Texto escrito por:
Tiago Henrique Arantes - Farmacêutico
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