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- Categoria: Coronavírus | covid-19
- By Fábio Reis
Orientação sobre uso de água sanitária no combate ao coronavírus
A água sanitária adquirida em supermercados podem ser diluída para desinfetar pisos e outras superfícies. Também em caso extremo de falta de água e álcool gel pode ser diluída para desinfecção das mãos.
Diluições da água sanitária são capazes de eliminar o novo coronavírus (SARS-CoV-2). A água sanitária diluída para 0,5% pode ser utilizada para desinfecção de pisos e superfícies, já a diluição de 0,05% pode ser utilizada para a limpeza das mãos (apenas na falta de álcool em gel ou água e sabão).
Nesse momento em que fica difícil encontrar álcool gel no mercado, e que boa parte da população não tem condições de adquiri-lo, o doutor em Ciência Jorge Macedo, especialista em desinfecção, faz o alerta que a receita mais diluída de 0,05% pode também ser usada nas mãos “nesse caso, claro, a frequência de uso tem de ser menor porque, pra algumas pessoas, a solução pode causar ressecamento nas mãos e dermatites. Mas quanto à segurança do procedimento não existem dúvidas”, afirma Macedo.
Macedo escreveu um review que detalha informações que integram o “Technical Brief” da Organização Mundial de Saúde (OMS) lançado, em março, para auxiliar no enfrentamento à pandemia de coronavírus.
Solução Caseira de Água Sanitária para Combater o Coronavírus
Compre a água sanitária de sua preferência com concentração de princípio de cloro ativo entre 2% e 2,5%.
A água sanitária precisa ser diluída em água potável para gerar o ácido hipocloroso (HClO) que combate o coronavírus. O HCLO é o agente mais ativo na desinfecção, usado no tratamento de água potável e como produto de limpeza.
Confira como preparar duas concentrações diferente de soluções diluídas de água sanitária:
1) Diluição de Água Sanitária para uso em superfícies e pisos (0,5%) :
- Pegue um copo descartável de 250 ml e encha ele de água sanitária.
- Adicione em uma garrafa de plástico de 1 litro (de preferência uma que não seja transparente) e acrescente a água - 1 parte de água sanitária para 3 partes de água..
- Cole uma etique ou escreva com uma canetinha “Água Sanitária Diluída” na embalagem.
- A pode perder seu potencial de desinfecção se for exposta a luz.
- Recomenda-se a ulização imediata após a diluição.
- A solução não deve ser misturada com outros produtos, pois o hipoclorito de sódio reage violentamente com muitas substancias químicas.
- A aplicação de hipoclorito de sódio sobre superfícies metálicas pode levar à oxidação.
2) Diluição de Água Sanitária para uso nas mãos (0,05%) :
- Utilize 25 ml de água sanitária (o equivalente um copinho descartável para café)
- Pegue uma garrafa de plástico (de preferência uma que não seja transparente) com capacidade de 1 litro, coloque um pouco de água e adicione os 25 ml de água sanitária.
- Complete o volume da garrafa com água, tampe e agite para misturar a água sanitária com a água.
- Não deixe o frasco exposto a luz e guarde em lugar fresco. A solução deve ser usada brevemente, pois é instável.
- Identifique o frasco com uma etiqueta ou escreva com canetinha “Água Sanitária Diluída”.
- Você vai notar que, nem tem odor característico forte da água sanitária e por isso é preciso identificar o conteúdo do frasco.
- Essa solução não é recomendada (por ser oxidante) quando se tem disponível para as mãos o álcool 70% ou água e sabão.
A EXPLICAÇÃO DA SUSTENTAÇÃO CIENTÍFICA DA AÇÃO DE DESINFECÇÃO DAS SOLUÇÕES DILUÍDAS
1 - Introdução
Com base nas informações da OMS Organização Mundial da Saúde (WHO), esse Review é distribuído em duas partes: uma para leigos, para o dia a dia de suas residências e a segunda parte para aqueles que tiverem interesse em conhecer os princípios científicos que norteiam as orientações!
O SARS-Cov-2 é um vírus envelopado, com um fragmento externo - membrana. Geralmente, os vírus envelopados são menos estáveis no ambiente e mais suscetível a oxidantes, como exemplo, os derivados clorados (WHO/UNICEF, 2020).
A solução diluída de um derivado clorado (0,05% = 500 ppm) pode ser usada para desinfetar as mãos quando não há possibilidade de usar nelas o produto à base de álcool ou sabão. No entanto, soluções diluídas de cloro não são recomendadas (por serem agentes oxidantes) quando se tem disponível para as mãos o álcool 70% ou sabão e água (WHO, 2020).
Na utilização da solução diluída de cloro há um risco maior de irritação nas mãos e efeitos nocivos à saúde, por exemplo, ao produzir e diluir soluções de cloro. Outras soluções de cloro, principalmente as mais diluídas, devem ser feitas diariamente, armazenadas em local fresco e seco, com a tampa afastada da luz solar; caso contrário, elas podem perder potência e eficácia na desinfecção (WHO, 2020).
2. Informações sobre as soluções cloradas diluídas preparadas.
É importante ressaltar que não existe “CLORO” na natureza. A terminologia utilizada, o jargão popular “vai colocar cloro na água”, é uma afirmação totalmente equivocada do ponto de vista químico, esse nome foi usado por várias vezes nesse Review, em função dele ser, na imensa maioria, para pessoas leigas.
Existem diversos derivados clorados à disposição, a escolha do hipoclorito de sódio (NaClO) para preparo das soluções é função da facilidade de encontrar a chamada água sanitária, que o tem como princípio ativo.
Em resumo, repetindo, cientificamente, é incorreto citar que adicionamos “cloro na água”. Na verdade, adicionamos um derivado clorado na água que no seu processo de hidrólise libera uma substância química, o HClO (ácido hipocloroso), que consegue reduzir a nível seguro a contaminação de superfícies. A terminologia “cloro” virou uma expressão popular (ANDRADE, MACEDO, 1996; MACEDO, 2009, 2016, 2019).
A cloração está vinculada a liberação de HClO após a hidrólise de derivado clorado no meio aquoso. O uso contínuo do cloro só ocorreu a partir de 1902, na Bélgica, com o chamado refinamento da cloração, isto é, determinação das formas de cloro combinado (CRC – as cloraminas) e residual livre (CRL – ácido hipocloroso), e a cloração baseada em controles bacteriológicos (ANDRADE, MACEDO, 1996; MACEDO, 2009, 2016, 2019).
Os compostos clorados são mais efetivos em valores de pH mais baixos, quando a presença de ácido hipocloroso é dominante, por isso, foi indicado que se faça uma solução diluída de água sanitária, pois com a diluição reduzimos o pH. A OMS indica que para a desinfecção ser efetiva é necessário que o pH esteja na faixa 6,5-8,5.
A escolha do valor 8,5 se justifica também na pesquisa realizada em teste de uso simulado utilizando soluções com derivados clorados com pH máximo de 8,3, que obteve resultados significativos no processo de desinfecção de cupons de provas inseridos em tubulações (MELLO, 1997 apud MACEDO, 2009, 2016, 2019).
2.1. Os cálculos para definição dos volumes indicados para o preparo das soluções diluídas de água sanitária.
A água sanitária possui de 2 a 2,5% de princípio ativo, logo ela possui de 20.000 a 25.000 mg CRL/L, expressos, em mg Cl2/L.
Para fazer os cálculos foi usada como referência a menor concentração, 2%, pois se ela estiver com mais de 2% nossa solução diluída vai ficar um pouco mais concentrada, até mais efetiva no processo de desinfecção, dando maior segurança de eliminação do coronavírus.
20.000 mg CRL------------- -- 1.000 mL água sanitária
X mg CRL ---------------- 25 mL água sanitária X = (20.000 x 25) / 1000 = 500 mg CRL
Logo, quando indico que se coloque 25 mL da água sanitária em 1L de água, estou produzindo uma solução diluída de no mínimo 500 mg CRL/L o que é exatamente a solução 0,05% indicada pela OMS.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDRADE, N. J.; MACÊDO, J. A. B. Higienização na Indústria de Alimentos. São Paulo: Livraria Varela Ltda. 182p. 1996.
MACEDO, J. A. B. Desinfecção & Esterilização Química. Belo Horizonte: CRQ-MG. 737p. 2009. MACEDO, J. A. B. Águas & Águas. 4a. Edição. Belo Horizonte: CRQ-MG. 944p. 2016.
MACEDO, J. A. B. Piscina – Água & Tratamento & Química. 2a. Edição. Belo Horizonte: CRQ-MG. 775p. 2019.
MELLO, C. A. Avaliação da eficiência de sanificantes químicos em condições de uso simulado sobre psicrotróficos acidificantes. 62p. Viçosa. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos)- Universidade Federal de Viçosa. 1997.
WHO. Q&A on infection prevention and control for health care workers caring for patients with suspected or confirmed 2019- nCoV. 1 March 2020. Disponível em: <https://www.who.int/news-room/q-a-detail/q-a-on-infection-prevention-and-control-for-health-care-workers-caring-for-patients-with-suspected-or- confirmed-2019-ncov> Acesso em 21 de março 2020.
WHO/UNICEF. Water, sanitation, hygiene and waste management for the COVID-19 virus. Technical brief. Genebra: WHO - World Health Organization/UNICEF - United Nations Children’s Fund. 9p. 3 March 2020.
- Baixe o review por Jorge Macedo, D.Sc.
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