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- Categoria: Coronavírus | covid-19
- By Fábio Reis
Os desafios da cadeia fria para vacina contra o coronavírus
- Texto por Jackson Campos - Head Global de Pharma & Healthcare na Asia Shipping. Graduado em comércio exterior, pós graduando em gestão industrial farmacêutica e pós graduando em healthcare e supply chain.
Com a vacina contra o COVID-19 sendo cada vez mais uma realidade próxima, prestadores de serviços e fabricantes de suprimentos ao redor de todo o mundo estão em busca de adequações e de estruturações com o objetivo de conseguir atender às demandas de temperatura e umidade exigidas pelo mercado farmacêutico.
Para se ter ideia, há entre as vacinas em fase 3 candidatas que podem exigir uma temperatura de -80°C para armazenagem e transporte. Nesse caso, a quantidade de adequações ultrapassa apenas o campo da logística, sendo necessário desenvolver inclusive, frascos que suportam baixas temperaturas e que sejam viáveis para produção, por exemplo.
Poucos produtores possuem linha de produção suficientes para abastecer o mundo todo com materiais que suportem temperatura tão baixa. Então, além de produzir os suprimentos, será necessário adaptar o processo produtivo para tanto. Só que isso demanda investimentos e como ainda não se tem certeza de que qual vacina vencerá a “corrida” da aprovação, essa é uma decisão que pode gerar milhões (ou até bilhão) de lucro ou de prejuízo para qualquer empresa que se adequar para uma temperatura diferente da primeira que for aprovada.
Também será necessário muito, mas muito gelo seco, que é o material refrigerante mais utilizado em baixas temperaturas. Esse material é mais abundante e um pouco mais fácil de se produzir, mas nunca foi planejado em tal escala e a mesma situação acontece para refrigeradores que sejam capazes de manter tal temperatura, aumentando a vida útil do gelo e tornando a produção sustentável.
Em contrapartida, boas soluções passivas têm surgido com objetivo de atender temperaturas ultrabaixas. As conhecidas até o evento do SarsCov2, vírus do Corona Vírus, eram soluções que tinham uma duração de aproximadamente 24 horas, sendo que atualmente já é possível encontrar à disposição soluções que podem manter entre -70°C e -60°C por mais de 100 horas, por exemplo.
Por fim, este cenário de adaptações é muito bem aplicável em economias desenvolvidas e emergentes, tornando países subdesenvolvidos automaticamente no final da fila de imunização, assunto que será pauta da coluna na próxima publicação.