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- Categoria: Coronavírus | covid-19
OMS alerta que não estamos preparados para uma nova pandemia
Novo relatório do Painel Independente para Preparação e Resposta à Pandemia da OMS indica que o sistema atual de gerenciamento de ameaças pandêmicas é falho. Também são temas do relatório governança, financiamento, equidade e fortalecimento do mandato da agência de saúde da ONU.
O progresso desigual no tratamento da COVID-19 por diferentes países é um dos destaques do documento, que, entre as soluções para uma resposta e preparação mais eficazes para futuras pandemias, sugere a criação de um Conselho Global de Ameaças à Saúde.
Entre as muitas funções do conselho proposto, alocar e monitorar o financiamento de um novo mecanismo de investimentos são algumas delas. Pelo menos 10 bilhões de dólares em novos financiamentos anuais e até 100 bilhões em um banco de financiamento são necessários para uma ação adequada contra ameaças pandêmicas futuras.
Novas conclusões do relatório de responsabilidade do Painel Independente para Preparação e Resposta à Pandemia da OMS, lançado na segunda-feira (22), apontam que os esforços para reformar as estratégias de preparação e resposta à pandemias globais estão acontecendo muito lentamente. Entre outras temáticas do relatório estão liderança e governança, financiamento, equidade, um novo instrumento legal e o fortalecimento do mandato da OMS.
O relatório cobre um período de seis meses, e foi apresentado pelas co presidentes Helen Clark, ex-primeira-ministra da Nova Zelândia, e Ellen Johnson Sirleaf, ex-presidente da Libéria, que alertaram que o progresso "desigual" no tratamento da pandemia COVID-19 continua a causar doenças, mortes e perdas econômicas.
As duas oficiais convocaram chefes de Estado e de governo a se unirem para fazer progressos mais rápidos, especialmente na Assembleia Geral da ONU, apontando que é preciso muito trabalho para acabar com a pandemia e se preparar para as próximas ameaças de saúde global.
Ação imediata necessária - Desde maio, o relatório observou que mais 90 milhões de pessoas contraíram COVID-19, sendo que 1,65 milhão morreram. Após uma análise profunda das respostas contra a doença, ações imediatas foram recomendadas com intuito de incentivar reformas internacionais interligadas para impedir um surto pandêmico futuro.
“Dada a escala da devastação desta pandemia e seu impacto contínuo sobre as pessoas em todo o mundo, o Painel decidiu documentar totalmente o que aconteceu e o porquê, bem como fazer recomendações ousadas para criar mudanças”, explicou uma das co-presidentes, Helen Clark.
Atenção desigual - Infelizmente, a desigualdade da vacina mudou muito pouco. Nos países mais pobres, menos de 1% da população está totalmente vacinada. Embora os países ricos tenham prometido doações publicamente, Sirleaf observou que “apenas uma fração das doses redistribuídas foi realmente entregue”.
As oficiais da agência de saúde da ONU sustentaram que as doações prometidas devem ser planejadas de forma transparente para entregar e produzir as vacinas rapidamente, acrescentando que “um verdadeiro modelo de investimento em bens públicos globais de ponta a ponta continua sendo a resposta” necessária.
Muito mais a ser feito - As chefes do órgão da OMS relembraram um discurso proferido pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, em setembro, pedindo que as recomendações do painel sejam um ponto de partida para reformas urgentes na arquitetura global da saúde.
Elas destacaram um ímpeto crescente para uma cúpula global da ONU, bem como o aumento da demanda por uma nova liderança política de alto nível através de um Conselho Global de Ameaças à Saúde para mobilizar o forte compromisso coletivo necessário para a segurança da saúde global.
Novo financiamento - O relatório enfatizou que “governança sem finanças carece de força; e finanças sem governança carecem de responsabilidade”.
O Painel Independente observou que o Conselho Global de Ameaças à Saúde seria responsável por alocar e monitorar o financiamento de um novo mecanismo de investimentos que apoie a preparação e as respostas à pandemia.
Os dados do relatório indicam que são necessários pelo menos 10 bilhões de dólares em novos financiamentos anualmente e até 100 bilhões em um banco de financiamento de resposta para uma ameaça de pandemia.
“Nossa mensagem é simples e clara: o sistema atual falhou em nos proteger da pandemia COVID-19”, disse Sirleaf. “E se não agirmos para mudá-lo agora, isso não nos protegerá da próxima ameaça de pandemia, que pode acontecer a qualquer momento.”