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- Categoria: Coronavírus | covid-19
- By Fábio Reis
D-dímero: como é o exame, valores de referência, interpretação e relação com covid-19
Descubra como o exame de D-dímero pode auxiliar no diagnóstico e monitoramento de doenças cardiovasculares e tromboses. Entenda sua relação com a covid-19.
O exame de D-dímero é um teste laboratorial utilizado para avaliar o risco de coagulação do sangue. Quando ocorre a ativação do sistema de coagulação, a fibrina é produzida e posteriormente degradada em fragmentos menores, incluindo os D-dímeros. O nível de D-dímero no sangue é uma medida da intensidade da coagulação sanguínea. É um exame de baixo custo, não invasivo e amplamente disponível, o que torna o exame de D-dímero uma ferramenta útil no diagnóstico de doenças.
O exame é realizado a partir de uma amostra de sangue, que pode ser coletada de uma veia do braço do paciente. O sangue é enviado para análise em um laboratório especializado. O resultado do exame é expresso em nanogramas por mililitro (ng/mL) e pode variar dependendo da idade, sexo e condições de saúde do paciente.
Os valores de referência normais para o exame de D-dímero variam entre os laboratórios e as faixas etárias. Em geral, os valores de D-dímero abaixo de 250 ng/mL são considerados normais em indivíduos saudáveis. Valores acima desse limite podem indicar a presença de doenças que afetam a coagulação sanguínea, como trombose venosa profunda (TVP), embolia pulmonar (EP) e coagulação intravascular disseminada (CID).
D-dímero e Covid-19
Em relação à COVID-19, o exame de D-dímero tem sido usado como um biomarcador para avaliar o risco de eventos tromboembólicos em pacientes infectados. Estudos têm mostrado que níveis elevados de D-dímero estão associados a um pior prognóstico e maior risco de mortalidade em pacientes com COVID-19. Um estudo publicado em fevereiro de 2022 (The usefulness of D-dimer as a predictive marker for mortality in patients with COVID-19 hospitalized during the first wave in Italy), na revista Scientific Reports, avaliou a utilidade do D-dímero como marcador preditivo de mortalidade em pacientes com COVID-19 hospitalizados durante a primeira onda na Itália. Os resultados sugerem que o valor preditivo do D-dímero sozinho foi moderado, mas a adição de D-dímero a um modelo contendo características clínicas básicas não levou a nenhuma melhora significativa no desempenho do modelo.
Outro estudo publicado em março de 2022 (Diagnostic accuracy of age-adjusted D-dimer for pulmonary embolism among Emergency Department patients with suspected SARS-COV-2: A Canadian COVID-19 Emergency Department Rapid Response Network study), no JAMA Network Open, avaliou a precisão diagnóstica do D-dímero ajustado por idade para prever o diagnóstico de embolia pulmonar em pacientes com COVID-19 suspeita no Departamento de Emergência. Os resultados indicam que o uso do D-dímero ajustado por idade teve sensibilidade e especificidade semelhantes ao limiar absoluto mais sensível de 500 ng/mL para prever o diagnóstico de embolia pulmonar em pacientes com suspeita de COVID-19.
Um preprint publicado no medRxiv em março de 2022 (IL-6 and D-Dimer at Admission Predicts Cardiac Injury and Early Mortality during SARS-CoV-2 Infection) relatou que os níveis de D-dímero e IL-6 no momento da admissão previram o risco de lesão cardíaca e mortalidade precoce durante a infecção por SARS-CoV-2. A amostra do estudo foi composta
Em 2021 foi publicado um estudo (In-depth Analysis of Laboratory Parameters Reveals the Interplay Between Sex, Age and Systemic Inflammation in Individuals with COVID-19) por pesquisadores de várias instituições brasileiras e estrangeiras que analisaram resultados de exames laboratoriais de quase 179 mil pessoas testadas para COVID-19 no Brasil. Nas pesquisas realizadas nos pacientes internados em UTI, o grupo notou alterações importantes em exames que avaliam o sistema de coagulação sanguínea (como d-dímero), contagem mais elevada de neutrófilos e maiores concentrações de marcadores de inflamação sistêmica (como a proteína C-reativa) e de dano celular e tecidual (como o lactato desidrogenase).
Os testes de coagulação são muito importantes pois o aumento do Tempo de Protrombina e dos níveis de dímero D se constituem como preditores significativos da gravidade da doença e reforçam a possibilidade da Coagulação Intravascular Disseminada (CID) como uma das complicações mais graves na infecção pelo COVID-19.
Outras alterações laboratoriais observadas, especialmente nos pacientes com doença grave, foram concentrações aumentadas de interleucinas (IL6 e IL10). A IL6 tem sido apontada como um marcador mau prognóstico, juntamente com o dímero-D.
Qual a importância do exame D-dímero?
Em resumo, o exame de D-dímero é uma importante ferramenta no diagnóstico e monitoramento de doenças cardiovasculares e tromboses. Seu valor de referência varia de acordo com a idade e com a presença ou não de fatores de risco. É importante lembrar que o resultado do exame deve ser avaliado em conjunto com outros dados clínicos e exames complementares, e sempre com o acompanhamento de um profissional de saúde. Se você tem alguma dúvida sobre o exame de D-dímero, converse com seu médico.