- Detalhes
- Categoria: Estudo e Pesquisa
- By Gazeta Russa
Cientistas Russos apresentam medicamento para tratar AVC e ataques cardíacos
Novo fármaco é baseado em substância criada por encomenda das tropas soviéticas na década de 1980. O Trombovazim rompe os coágulos sanguíneos que surgem em resultado de doenças cardiovasculares.
Cientistas do Instituto de Física Nuclear, Citologia e Genética de Novossibirsk criaram um medicamento inovador com base em um fármaco desenvolvido para os soldados soviéticos: o Trombovazim.
“O Trombovazim é o primeiro fármaco de uma nova classe de trombolíticos para o tratamento e prevenção de infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral, embolia pulmonar e tromboflebite”, diz Andrêi Bekarev, presidente do conselho do Centro de Biotecnologia de Koltsovo, na região de Novossibirsk.
O novo medicamento, que é preparado a partir de plantas, destrói os coágulos sanguíneos que surgem em resultado de doenças cardiovasculares e, segundo os responsáveis pelo projeto, não possui análogos no mundo em termos de atuação.
“Normalmente, quando administramos proteínas artificiais no corpo, ocorre rejeição ou diversas reações alérgicas que, por vezes, desencadeiam até mesmo choques anafiláticos que levam à morte”, explica Bekarev. “Mas, no nosso caso, as ligações químicas no polímero são quebradas e se forma uma espécie de ‘revestimento’ em torno das proteínas. Isto é, surgem ligações bastante fortes e estáveis, sem que com isso as propriedades das proteínas se alterem de verdade.”
O Trombovazim foi aprovado em todos os estudos pré-clínicos e clínicos. Atualmente, o medicamento está sendo produzido em Koltsovo sob a forma de comprimidos e solução injetável. A equipe responsável pelo desenvolvimento do remédio recebeu um prêmio estatal da região de Novossibirsk. Ainda não há previsão de distribuição de Trombovazim no Brasil.
Protótipo no Afeganistão
Há cerca de 40 anos que os cientistas de todo mundo estudam a “costura” de fragmentos do polímero com diferentes componentes.
Na década de 1980, cientistas de Novossibirsk criaram, a pedido do Exército soviético, uma substância denominada Imozimaza, que viria a ser o protótipo do Trombovazim, para tratar feridas abertas e estancar hemorragias.
“O produto teve um bom desempenho durante a guerra do Afeganistão”, diz Bekarev. “Mas não houve tempo para se aprofundar e, por isso, acabou sendo complexo para aplicação e pouco prático para armazenar, uma vez que estragava em temperaturas acima dos 6ºC.”
Em 2000, a situação econômica da Rússia melhorou, e os cientistas puderam então reviver o projeto e decidiram aprimorar o medicamento que havia sido enviado para o Afeganistão.
“A Imozimaza era instável, mas o Trombovazim, criado com base nela, é estável. Ao testar os comprimidos, a quantidade de nutrientes aumentou em 20% – número que é muito elevado”, explica o cientista. “Além de o remédio não ser destruído no estômago, reduzindo, assim, a sua toxicidade, não existem outros agentes antitrombóticos administrados por via oral.”
Por Maria Moskalenko, especial para Gazeta Russa