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- Categoria: Estudo e Pesquisa
- By Fábio Reis
Novo Nordisk divulga novos estudos sobre Wegovy®, para obesidade, e da combinação entre insulina semanal e semaglutida para o diabetes durante congresso europeu
• As novas descobertas do programa clínico COMBINE apresentadas no 60º Congresso Anual da European Association for the Study of Diabetes (EASD 2024), realizado em Madrid, demostraram a eficácia da insulina basal, icodec, combinada à semaglutida na redução dos níveis de HbA1c e na perda de peso;
• Uma análise do estudo FLOW apresentou os efeitos da semaglutida 1,0 mg nos desfechos renais em pessoas com diabetes tipo 2 e doença renal crônica;
• A amilina como uma opção futura no tratamento das doenças metabólicas.
Nesta quinta-feira (19), a Novo Nordisk realizou um webinar científico para jornalistas com o objetivo de apresentar os principais destaques do 60º Congresso Anual da European Association for the Study of Diabetes (EASD) 2024, realizado em Madrid entre os dias 9 e 13 de setembro. A palestra foi ministrada pelo endocrinologista Dr. Carlos Eduardo Barra Couri e abordou os novos achados da insulina semanal icodec e os resultado de sua combinação com a semaglutida no tratamento de diabetes tipo 2 (DM2). Além disso, também foram mostrados os resultados da Semaglutida em pacientes com DM2 e doença renal crônica, além dos novos estudos com a amilina surgindo como uma futura opção e para o tratamento das doenças metabólicas.
“Pacientes que possuem doenças crônicas como diabetes e obesidade, geralmente têm outras comorbidades associadas, entre elas as doenças renais e cardiovasculares. A coexistência dessas condições prejudica a qualidade de vida e exige um tratamento próximo e rigoroso para que todos os fatores determinantes (e interligados) sejam assistidos. Pensando na complexidade do tratamento que um paciente com múltiplas doenças requer, alternativas terapêuticas que atuem de forma integrada em condições distintas, representam uma revolução não só na ciência, como também na vida das pessoas afetadas por essas patologias”, explica a Dra. Priscilla Mattar, endocrinologista e vice-presidente da área médica da Novo Nordisk. “Esta edição do EASD foi uma grande oportunidade de reforçar o nosso comprometimento com a inovação e com o nosso propósito de salvar vidas”, conclui a especialista.
Insulina basal semanal
A insulina basal Icodec, administrada semanalmente, demonstrou uma eficácia significativamente maior quando comparada à insulina basal diária no tratamento de diabetes tipo 2. Os estudos clínicos de fase 3, ONWARDS 1-5 analisaram 3765 participantes com DM2(1882 insulina icodec vs. 1883 insulinas comparadoras) e mostraram incidência de hipoglicemia semelhante no grupo icodec versus o grupo de comparação.
Episódios de hipoglicemia grave foram menores no grupo que recebeu a insulina Icodec do que com a insulina diária (8 vs. 18). Também foi notável uma maior redução da HbA1c com Icodec independentemente do subgrupo. Em todos eles, exceto no estudo de pacientes com DM2 em uso de insulina basal bolus (ONWARDS 4) , a probabilidade de atingir HbA1c <7,0% sem hipoglicemia clinicamente significativa ou grave foi maior com Icodec do que com os comparadores (OR 1,30-1,55; todos p < 0,05).
A insulina semanal Icodec já foi aprovada pelo EMA para adultos com DM1 e DM2, além de na Austrália, Suíça, Japão e Canadá, também já possui aprovação na China para tratamento de DM2 em adultos. Os pedidos também já foram submetidos ao FDA e à Anvisa, Estados Unidos e Brasil aguardam aprovação.
Insulina semanal combinada à semaglutida
Os ensaios clínicos do programa COMBINE foram apresentados no EASD e prometem marcar uma revolução na insuliniterapia.
O programa foi dividido em quatro ensaios clínicos de Fase III, e três deles foram apresentados no congresso – COMBINE-1, COMBINE-2 e COMBINE-3 – com o objetivo de avaliar a superioridade da IcoSema – terapia que combina a insulina semanal icodec e semaglutida – em relação aos seus mono componentes e ao esquema de terapia com insulina basal - bolus.
Nos estudos COMBINE-1 e COMBINE-2, IcoSema mostrou-se mais eficaz na redução dos níveis de HbA1c do que a insulina icodec e a semaglutida, respectivamente. No COMBINE-3, a eficácia na redução de HbA1c foi equivalente ao regime basal-bolus. IcoSema também demonstrou benefícios significativos na perda de peso em comparação com tratamentos à base de insulina, tornando-se uma alternativa promissora para pacientes com diabetes tipo 2 que enfrentam ganho de peso com insulina.
Além disso, IcoSema tem a vantagem de ser administrado semanalmente, reduzindo o número de injeções e melhorando a conveniência para os pacientes, o que pode aumentar a adesão ao tratamento. O programa clínico também destacou a baixa incidência de hipoglicemia entre os pacientes tratados com IcoSema, o que sugere um menor risco de hipoglicemia para aqueles que necessitam de insulina. Em resumo, IcoSema oferece uma opção eficaz, segura e conveniente para melhorar o controle glicêmico, com menos hipoglicemia, menor dose de insulina e perda de peso em pacientes com diabetes tipo 2, quando comparado a insulina basal ou basal-bolus.
“IcoSema proporciona uma troca de 365 injeções diárias de insulina basal por 52 injeções semanais ao ano, mas representa muito mais do que a diminuição de picadas. A diminuição do risco de hipoglicemia e a redução de peso comparadas à insulinização basal, representam qualidade de vida para os pacientes. É simplicidade no acompanhamento terapêutico de pessoas que hoje necessitam manejar o diabetes todos os dias e que grande parte de suas vidas são dedicadas ao monitoramento da doença. IcoSema marca uma verdadeira revolução”, esclarece o endocrinologista Carlos Eduardo Barra Couri.
Estudo FLOW4:
O estudo do uso da semaglutida 1,0 mg subcutâneo em pacientes com doença renal crônica e diabetes tipo 2, avaliou 3.533 pacientes em torno dos 60 anos de idade, sendo 2/3 homens e todos com mais de 15 anos de diagnóstico. 23% (¼ da amostra) já tinham sofrido infarto ou acidente vascular cerebral4 e o desfecho primário do estudo foi um composto de :
- Falência renal;
- Redução de > 50% da TFG (taxa de filtração glomerular)
- Morte relacionada à doença renal do DM.
Os resultados demonstraram uma redução de risco em 20% de morte por todas as causas e redução de 24% de progressão de doença renal crônica em pacientes com diabetes tipo 2 no grupo em uso de semaglutida. Essa redução de risco foi consistente tanto para desfechos renais quanto para morte cardiovascular.
O estudo foi interrompido precocemente devido aos com semaglutida 1,0 mg, não sendo ético manter placebo nessa população.
O estudo FLOW foi um ensaio randomizado, duplo-cego, de grupos paralelos, controlado por placebo, e orientado por eventos, comparando semaglutida injetável 1,0 mg administrada uma vez por semana com placebo como complemento ao tratamento padrão nos desfechos renais, visando retardar a progressão da insuficiência renal e reduzir o risco de mortalidade renal e cardiovascular em pessoas com diabetes tipo 2 e DRC. Foram recrutados 3.533 adultos para o ensaio, que foi conduzido em 28 países em cerca de 400 locais de investigação. O estudo FLOW foi iniciado em junho de 2019.5
O objetivo primário do estudo FLOW foi demonstrar um atraso na progressão da DRC e reduzir o risco de início da falência renal (início de diálise de longo prazo, transplante renal ou uma redução na TFGe (taxa de filtração glomerular estimada) para <15 ml por minuto por 1,73 m² sustentada por ≥28 dias), uma redução sustentada (por ≥28 dias) de 50% ou mais no eGFR em relação ao início, ou morte por causas renais ou cardiovasculares. Os desfechos secundários, avaliados em ordem hierárquica, incluíram a taxa anual de mudança no eGFR (declínio total do eGFR), tempo até a primeira ocorrência de um desfecho MACE composto (infarto do miocárdio não fatal, acidente vascular cerebral não fatal, morte cardiovascular) e tempo até a ocorrência de morte por todas as causas.5
Amicretina oral
A primeira fase de estudo envolvendo o formulação oral de um agonista do receptor de GLP-1 e amilina, em humanos, foi concluída no primeiro trimestre deste ano e foi realizada com um grupo de pessoas com peso corporal médio basal de 89 kg. Essa etapa da pesquisa demonstrou que os indivíduos perderam em média 13,1% do peso corporal ao longo de 12 semanas. O perfil de eventos adversos da amicretina estava em linha com o observado para outros medicamentos à base de GLP-1 da Novo Nordisk.
Este foi um estudo em estágio inicial envolvendo um total de 144 pacientes, desenhado para avaliar o perfil de segurança, tolerabilidade e farmacocinética da amicretina e a viabilidade de prosseguir com o desenvolvimento clínico adicional. Importante ressaltar que a mudança no peso corporal foi um desfecho exploratório do estudo. O perfil farmacocinético da amicretina demonstra potencial e a expectativa é alcançá-lo por meio de estudos clínicos mais robustos nos próximos anos.
Sobre o estudo SELECT (semaglutida 2,4 mg)
O estudo SELECT (Efeitos da Semaglutida nos Desfechos Cardiovasculares em Pessoas com Sobrepeso ou Obesidade) foi um ensaio multicêntrico, randomizado, duplo-cego, controlado por placebo, e orientado por eventos, projetado para avaliar a eficácia e segurança da semaglutida 2,4 mg em comparação com placebo como um complemento ao tratamento padrão para doença cardiovascular, na redução do risco de eventos cardiovasculares adversos maiores em pessoas com doença cardiovascular estabelecida e sobrepeso ou obesidade, sem histórico prévio de diabetes.2
Em maio desse ano, o estudo demonstrou que o tratamento com semaglutida 2,4mg em pessoas com doença cardiovascular estabelecida (DCV) e sobrepeso ou obesidade proporciona perda de peso robusta e sustentada por até 4 anos; reduz o risco de MACE (que consiste em morte cardiovascular, infarto do miocárdio ou acidente vascular cerebral não fatal) independentemente do grau de perda de peso alcançada; e ainda garante a relação risco-benefício positiva geral do tratamento e demonstra um perfil de segurança consistente, por observar que a perda de peso e o benefício cardiovascular podem ser alcançados Efeitos Adversos Graves (EAG) leves e que não impediram a continuidade a continuidade do tratamento.
O programa de estudos STEP já havia comprovado que a semaglutida 2,4 mg apresenta redução média de 17% do peso, sendo que um terço dos pacientes apresentam redução superior a 20%. O estudo SELECT foi o primeiro estudo que comprovou redução de 20% no risco de eventos cardiovasculares adversos maiores (MACE, que consiste em morte cardiovascular, infarto do miocárdio ou acidente vascular cerebral não fatal) em pacientes com sobrepeso/obesidade e doença cardiovascular estabelecida.
O ensaio, iniciado em 2018, recrutou 17.604 adultos e foi conduzido em 41 países em mais de 800 locais de investigação.2
Sobre a semaglutida 2,4 mg
Trata-se do primeiro e único tratamento para obesidade com benefício e proteção cardiovascular comprovados, além de ser, no País, o primeiro e único análogo semanal do GLP-1 aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para tratar pessoas que vivem com obesidade e sobrepeso com ao menos uma comorbidade relacionada ao peso1.
Pesquisas clínicas comprovaram que o medicamento apresenta redução média de 17% do peso, sendo que um terço dos pacientes apresentam redução superior a 20%, além de diminuição de 20% no risco de eventos cardiovasculares adversos maiores (MACE, que consiste em morte cardiovascular, infarto do miocárdio ou acidente vascular cerebral não fatal)1. Também já foi comprovado que a redução no risco de MACE ocorre independentemente da perda de peso desses pacientes3, que se mostrou sustentada ao longo de 4 anos4, com relação positiva de risco-benefício e perfil de segurança consistente3.
Todos os produtos da Novo Nordisk da classe GLP-1 são tarja vermelha e por isso só podem ser vendidos sob prescrição médica.
Referências
1. Rosenstock J et al. N Engl J Med. 2020;383:2107–2116;
2. Lingvay I et al. JAMA. 2023:10.1001/jama.2023.11313;
3. Bajaj H. 2023 ADA Scientific Sessions. 803-P.
4. Philis-Tsimikas A et al. Lancet Diabetes Endocrinol. 2023;11(6):414-425.
5. Mathieu C et al. Lancet. 2023;401(10392):1929-40;
6. Rosenstock J et al. 2023 ADA Scientific Sessions. 179-OR;
7. Lingvay I et al. 2023 ADA Scientific Sessions