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- Categoria: Eventos Farmacêuticos
- By Fábio Reis
Organon realiza Fórum de Saúde Feminina 2023 em São Paulo
Gravidez na adolescência, segurança da paciente na prática do ginecologista, futuro da medicina reprodutiva e construção da sexualidade da mulher moderna foram alguns dos assuntos abordados no evento.
A Organon Brasil, farmacêutica global focada em Saúde da Mulher, realizou, nos dias 14 e 15 de abril, o Fórum de Saúde Feminina 2023, em São Paulo (SP). O evento reuniu cerca de 350 médicos, entre ginecologistas e especialistas em fertilidade de diversas regiões do Brasil, além da participação de embriologistas, com objetivo de abordar temas relevantes para saúde e bem-estar das mulheres. Na ocasião, eles puderam participar de painéis, palestras e rodas de conversa sobre saúde reprodutiva e sexual de mulheres, adolescentes e pessoas com útero em diferentes etapas de suas vidas. A abertura do Fórum ficou a cargo de Ricardo Lourenço, CEO da Organon no Brasil, e de Kevin Ali, CEO global da Organon, que apresentaram o objetivo da empresa, sua história, propósito e dados relevantes sobre saúde feminina no Brasil e no mundo.
A Organon está presente em 140 países, com 6 fábricas no mundo e uma delas aqui no Brasil. São 10 mil colaboradores ao redor do mundo, com mais de 60 marcas de produtos. No Brasil, são cerca 400 pessoas trabalhando em prol da saúde da mulher e, no mundo, são mais de 600 pessoas dedicadas em pesquisa e desenvolvimento. "Nosso objetivo é mostrar nosso compromisso com a saúde feminina, especialmente nas áreas de contracepção, fertilidade e biossimilares. Temos o propósito de contribuir para que as mulheres tenham cada vez mais cuidado e bem-estar em todas as fases da vida'', ressaltou Ricardo Lourenço.
"A Organon é uma empresa com um propósito. Fomos criados para preencher a lacuna de inovação na saúde da mulher e criar os tratamentos urgentemente necessários. Apenas 4% de todas as pesquisas em saúde no mundo são dedicadas a condições específicas do sexo feminino. A Organon está trabalhando para mudar isso'', complementou Kevin Ali.
O Diretor Médico da Organon, Luiz Lucio, falou sobre o portifólio da Organon e abordou sobre o próximo lançamento da empresa que tem como objetivo a redução da mortalidade materna. ''A Organon tem investido muito em pesquisa e desenvolvimento buscando novos produtos. Nossa expectativa é que a gente retome a curva de redução de mortalidade materna anterior à pandemia de covid-19'', ressaltou o diretor que também pontuou sobre a redução abrupta na reprodução assistida no período da pandemia, mas que começou a se recuperar em 2022 e segue crescendo em 2023.
Para finalizar a primeira noite de evento, Mariana Ferrão, jornalista especialista em saúde e fundadora da Soul.me, ministrou sobre a importância da saúde mental do profissional de saúde para lidar com adversidades diárias e provocou a plateia com questões sobre como melhorar a comunicação do médico com pacientes que não conhecem o próprio corpo ou mulheres, adolescentes e pessoas com útero que têm dificuldades de identificar sintomas gerais. Ao final da palestra, ela convidou os participantes a refletirem sobre a importância de ouvir o próximo com empatia e atenção.
No segundo dia do evento, os painéis ficaram divididos entre os temas contracepção e fertilidade. Na sala de contracepção, Raffaella Picciotti, gerente de Marketing da Organon, e Talita Poli Biason, gerente médica de Saúde Feminina da Organon, foram responsáveis pela abertura dos temas. O primeiro tema abordado foi ''Sexualidade da mulher moderna e a influência nas suas escolhas'', ministrado por Giordana Campos Braga, ginecologista e obstetra, e Sergio Okano, médico ginecologista e sexologista especialista em aconselhamento contraceptivo. Foi possível conferir a história da sexualidade feminina, feminismo e luta por direitos, os impactos do machismo na sociedade, a importância e os tipos de métodos contraceptivos na história.
Em seguida, foi aberto um debate sobre ''Um novo olhar na assistência à adolescente'', com moderação do professor de Obstetrícia e Ginecologia da Universidade de São Paulo (USP) José Maria Soares Júnior e participação do professor Benito Lourenço, chefe da Unidade de Adolescentes do Instituto da Criança, Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e médico assistente da Clínica de Adolescência do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo, que abordou o tema ''O que o ginecologista precisa saber antes de indicar um contraceptivo para a adolescente?'' Segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (PeNSE), em 2019, 35,4% dos adolescentes de 13 a 17 anos já haviam tido sua iniciação sexual, sendo que 40,9% não utilizaram preservativo na última relação sexual e 17,3% já utilizaram pílula do dia seguinte.
''Adolescentes podem engravidar. Quando umA adolescente engravida, seu presente e futuro mudam radicalmente e, raramente para melhor'', pontua Lourenço ao chamar atenção sobre a importância de o médico conversar sobre sexualidade com adolescentes com respeito à privacidade, confidenciabilidade, espaço genuíno para escuta a acesso a informações confiáveis e métodos adequados.
Já a Sonia Raquel Leal, mestre da Universidade de Santo Amaro e coordenadora da área técnica da Saúde da Mulher da cidade de São Paulo, trouxe dados do projeto que mudou o cenário da gravidez na adolescência no município. Em 2018, 10,42% das gravidezes eram em adolescentes de 10 a 19 anos, com redução para 7,66% em 2022. Um número ainda considerado preocupante, mas que precisa ser abordado e merece atenção da sociedade para que haja avanço e melhoria dos indicadores.
A médica Marta Rehme, ginecologista com experiência no atendimento de crianças e adolescentes abordou a importância de falar sobre contracepção abaixo dos 14 anos, tema delicado e que possui uma série de desafios, como: gravidez ocasionada por violência sexual, casamento precoce, maternidade solitária, abandono escolar, manutenção do ciclo de pobreza e reincidência de gravidez na adolescência. ''A temática envolvendo adolescentes e menores de 14 anos é controversa no âmbito do próprio poder judiciário. Não podemos abandonar a adolescente que procura atendimento. Em 2020, mais de 15 mil partos foram de filhos de adolescentes no Brasil. Precisamos mudar esse cenário'', finaliza Rehme.
Em seguida, Alvaro Luiz Lage Alves, médico especialista em Obstetrícia e Ginecologia abordou a importância de protocolos e treinamentos para urgência obstétrica; e a presidente da Fundação para Segurança do Paciente e médica anestesista Aline Chibana, abordou a segurança da paciente na prática do ginecologista. A profissional contextualizou a dimensão da hemorragia pós-parto. ''A hemorragia pós-parto é a principal causa de morte materna no mundo, são 140 mil mortes anuais, uma a cada quatro minutos'', exclama. Os números são ainda mais preocupantes, segundo Chibana, 28% a 50% das mortes maternas seriam evitáveis. ''Estima-se que a demanda não-atendida por contraceptivos afete aproximadamente de 3,5 a 4,2 milhões de mulheres em idade reprodutiva no Brasil.
Para finalizar as discussões sobre contracepção, foi aberta mesa para discutir hábitos prescritivos atuais, moderada por Milena Bastos Brito, professora Adjunta da Disciplina de Ginecologia e Obstetrícia na Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública. Milena abordou a busca da mulher pelo bem-estar e beleza, a construção do belo na antiga e atual sociedade. Já a professora e ginecologista Cristina Laguna falou sobre o uso da testosterona e outros hormônios androgênicos na prática clínica.
Na sala de fertilidade, a abertura foi realizada por Renata Flatschart e Viviane Santana, gerentes da franquia de Fertilidade da Organon.
Na abertura, Renato Tomioka, médico ginecologista e obstetra, falou sobre o futuro da medicina reprodutiva, que vem ganhando espaço e tem potencial para crescimento no Brasil e no mundo. Em seguida, a psicóloga clínica Rose Massaro Melamed abordou o impacto do suporte psicológico do staff (equipe) na jornada da paciente. O ginecologista Bruno Ramalho, especialista em reprodução assista apresentou inovações que já estão mudando a vida de várias pessoas com útero na preservação da fertilidade. O médico apresentou alguns casos de sucesso de oncopreservação em pacientes.
Entre os embriologistas, foi possível acompanhar o painel ''Como os tratamentos clínicos podem afetar os resultados do laboratório?'', com Nilka Donadio, especialista em reprodução humana.
Para finalizar, foram realizadas duas mesas redondas:
Embriologia e as variáveis do laboratório: explorando os efeitos de diferentes condições, com moderação do embriologista Rene Busso. Onde a embriologista Danielle Maudonnet falou sobre garantia da qualidade em técnicas de laboratório; o biomédico Ivan Yoshida abordou a importância da gestão de equipes nos resultados do laboratório; e José Roberto Alegretti, especialista em reprodução humana palestrou sobre novas tecnologias na embriologia.
Entre os médicos, foi abordada a Individualização do tratamento de reprodução assistida, com moderação do ginecologista Eduardo Motta. O ginecologista e obstetra Roberto Antunes falou sobre protocolo simplificado para más respondedoras (grupo de mulheres que não respondem adequadamente ao estímulo hormonal); o médico especialista em reprodução humana Emerson Cordts abordou o manejo da dose em más respondedoras; Anderson Melo, especialista em reprodução humana, palestrou sobre hiper respondedoras (complicação decorrente do estímulo ovariano com indutores de ovulação), e a chance de SHEO (complicação mais grave dos tratamentos de reprodução assistida); e Pedro Monteleone falou sobre o tema: ''Perfis de pacientes incomuns devem ter protocolos específicos?''.