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- Categoria: Legislação Farmacêutica
- By Fábio Reis
Anvisa aprova registro do medicamento genérico deferasirox
A Anvisa aprovou o registro de um novo genérico cuja substância ainda não tem concorrente no mercado. Trata-se do registro do deferasirox comprimido dispersível, que é utilizado para remover o excesso de ferro do organismo. É utilizado para tratar a sobrecarga de ferro causado por repetidas transfusões de sangue.
Com a aprovação, pacientes e médicos terão uma nova opção de tratamento a um custo mais acessível, uma vez que os genéricos chegam ao mercado com um preço menor que o preço de tabela dos medicamentos de referência.
A concessão do registro significa que esse produto é cópia fiel de seu referência e que possui qualidade, eficácia e segurança comprovadas. Seu medicamento referência é o Exjade fabricado pela Novartis.
Sobre o medicamento Deferasirox
O deferasirox é um agente quelante de ferro usado para remover o excesso de ferro do corpo (também chamado de sobrecarga de ferro). Ele se liga ao ferro em excesso, o qual é eliminado principalmente através das fezes.
O deferasirox é usado para tratar a sobrecarga de ferro causada por transfusões de sangue. Pode ser usado para tratar adultos, adolescentes e crianças com 02 anos de idade ou mais. Transfusões de sangue repetidas podem ser necessárias para pacientes que sofrem certos tipos de anemia, como talassemia, anemia falciforme ou síndromes mielodisplásicas. Elas podem causar acúmulo de ferro. Isso acontece porque o sangue contém ferro e o corpo não tem uma maneira natural de remover esse ferro em excesso adquirido pelas transfusões de sangue. Com o tempo, o excesso de ferro pode causar prejuízos em órgãos importantes, como o fígado e o coração. Portanto, medicamentos chamados quelantes de ferro são usados para remover o excesso de ferro, reduzindo, desta forma, o risco da ocorrência de danos nos órgãos.
Características Farmacológicas do deferasirox
Farmacodinâmica
Grupo farmacoterapêutico: agente quelante de ferro
O deferasirox é um quelante ativo oral que é altamente seletivo para ferro (III). É um agente tridentado que se liga ao ferro com alta afinidade na proporção 2:1. O deferasirox promove excreção de ferro, principalmente nas fezes. O deferasirox tem uma baixa afinidade por zinco e cobre, não alterando os níveis séricos destes.
Em um estudo de balanço metabólico de sobrecarga de ferro em pacientes adultos talassêmicos, deferasirox em doses diárias de 10, 20 e 40 mg/kg induziu a média de excreção líquida de 0,119; 0,329 e 0,445 mg de Fe/kg de peso corpóreo por dia, respectivamente.
deferasirox foi investigado em pacientes adultos e pediátricos (com 2 anos de idade ou mais) com sobrecarga crônica de ferro devido a transfusões sangüíneas. As indicações clínicas que requerem transfusão são beta-talassemia, anemia falciforme e outras anemias congênitas e adquiridas (síndromes mielodisplásticas, síndrome Diamond-Blackfan, anemia aplástica e outras anemias raras).
O tratamento diário com deferasirox nas doses de 20 e 30 mg/kg por um ano em pacientes adultos e pediátricos politransfundidos com beta-talassemia leva a reduções em indicadores de ferro corpóreo total; a concentração de ferro hepático foi reduzida por aproximadamente - 0,4 e - 8,9 mg de Fe/g de tecido hepático (biópsia de peso seco) em média, respectivamente, e a ferritina sérica foi reduzida por
aproximadamente -36 e - 926 µg/L em média, respectivamente. Nestas mesmas doses as proporções de excreção de ferro : consumo de ferro foi 1,02 (indicando balanço de ferro líquido) e 1,67 (indicando
remoção de ferro líquido), respectivamente. deferasirox induz respostas similares em pacientes com sobrecarga crônica de ferro com outras anemias. Doses diárias de 10 mg/kg por um ano podem manter o ferro hepático e os níveis de ferritina sérica, além de incrementar o balanço de ferro líquido ou remover o ferro hepático em pacientes recebendo transfusões eventuais ou exsanguíneo-transfusões.
A ferritina sérica avaliada mensalmente é utilizada para monitorar as mudanças na concentração de ferro hepático indicando tendências e servindo para monitorar a resposta a terapia.
Farmacocinética
Absorção
O deferasirox é absorvido após administração oral com um tempo mediano para concentração plasmática máxima (tmax) de aproximadamente 1,5 a 4 horas. A biodisponibilidade absoluta (AUC) do deferasirox de deferasirox comprimidos é de aproximadamente 70% comparada a uma dose intravenosa. A exposição total (AUC) foi dobrada aproximadamente quando administrado ao longo de um desjejum gorduroso (conteúdo de gordura > 50% de calorias) e por aproximadamente 50% quando administrado ao longo de um desjejum convencional. A biodisponibilidade (AUC) do deferasirox foi moderadamente elevada (aproximadamente 13 - 25%) quando administrado 30 minutos antes das refeições com conteúdo normal ou alto de gordura. A exposição total (AUC) do deferasirox após administração dos comprimidos dispersos no suco de laranja ou maçã foi equivalente à exposição total (AUC) obtida após administração dos comprimidos de deferasirox dispersos na água (razões relativas de AUC foram de 103% e 90%, respectivamente).
Distribuição
O deferasirox é altamente ligado a proteínas plasmáticas (99%), quase exclusivamente albumina sérica, e tem um pequeno volume de distribuição de aproximadamente 14 L em adultos.
Biotransformação
A glucuronidação é a principal via de metabolização do deferasirox, com subseqüente excreção biliar.
Parece ocorrer deconjungação de glucuronidatos no intestino e subseqüente reabsorção (ciclo enterohepático).
O deferasirox é principalmente glucuronizado por UGT1A1 e em um menor grau por UGT1A3.
O metabolismo oxidativo via CYP450 parece ter importância menor no metabolismo do deferasirox em humanos (8%). Não foram observadas evidências de indução ou inibição das enzimas em doses terapêuticas. Não foi observada inibição do metabolismo in vitro do deferasirox por hidroxiuréia.
Eliminação
O deferasirox e seus metabólitos são principalmente excretados nas fezes (84% da dose). A excreção renal do deferasirox e seus metabólitos é mínima (8% da dose). A média da meia-vida de eliminação (t1/2) variou de 8 a 16 horas.
Linearidade/não-linearidade
A Cmax e a AUC0-24h do deferasirox aumentam de forma linear com doses abaixo das condições em estado de equilíbrio. A exposição em múltiplas dosagens aumentou linearmente a Cmax com um fator de acúmulo de 1,3 a 2,3.
Características em populações de pacientes
Idade, raça/etnia, sexo
Pacientes pediátricos
Aparentemente o clearance do deferasirox em adolescentes (12 a < 17 anos) e crianças (2 a < 12 anos) expostos à droga, após doses únicas ou múltiplas, foi maior, levando a uma menor exposição à droga.
Em crianças menores que 6 anos a exposição à droga é aproximadamente 50% menor do que em adultos. Como a dosagem é individualmente ajustada de acordo com a resposta à terapia, não são esperadas conseqüências clínicas.
Sexo
Mulheres têm um clearance discretamente menor (aproximadamente 17,5%) para deferasirox comparado aos homens. Como a dosagem é individualmente ajustada de acordo com a resposta a terapia, não são esperadas conseqüências clínicas.
Pacientes idosos
A farmacocinética do deferasirox não foi estudada em pacientes idosos (com 65 anos ou mais).
Insuficiência renal e hepática
A farmacocinética do deferasirox não foi estudada em pacientes com insuficiência renal ou hepática. A farmacocinética do deferasirox não foi influenciada por níveis de transaminases hepáticas até 5 vezes o limite superior para a idade.
Dados de segurança pré-clínicos
Os dados pré-clínicos não revelam riscos especiais para pacientes com sobrecarga de ferro, baseados em estudos convencionais de segurança farmacológica, toxicidade de dose repetida, genotoxicidade ou potencial carcinogênico. Os principais achados foram toxicidade renal e opacidade do cristalino (catarata). Achados similares foram observados em animais neonatos e jovens. A toxicidade renal é considerada principalmente devido a privação de ferro em animais que não sofreram previamente
sobrecarga com ferro
O potencial de toxicidade para reprodução foi avaliado em ratos e coelhos. Em ratos sem sobrecarga de ferro e submetidos a altas doses de deferasirox, a medicação não mostrou efeito teratogênico, mas causou freqüência aumentada de variações esqueléticas em ratos recém-natos e prematuridade. O deferasirox não causou outros efeitos na fertilidade ou reprodução.
Monitorando o tratamento com deferasirox: O médico deverá solicitar exames regulares de sangue e de urina durante o tratamento para monitorar a quantidade de ferro no organismo. Este monitoramento poderá ser feito pela determinação do nível de ferritina, avaliando assim, se o deferasirox está funcionando adequadamente. Os exames irão monitorar também sua função renal (nível sanguíneo de creatinina, presença de proteína na urina) e a função do fígado (nível sanguíneo de transaminases). O médico levará estes exames em consideração, na decisão da dose mais apropriada de deferasirox. A visão e audição devem ser testadas anualmente durante o tratamento como medida de precaução. S
Interações medicamentosas: Os antiácidos contendo alumínio não devem ser tomados durante o tratamento com deferasirox.
Este medicamento é contra-indicado na faixa etária abaixo de 2 anos de idade.