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- Categoria: Mercado Farmacêutico
- By Fábio Reis
Estudo Norte-americano comprova que posologia influencia na adesão ao tratamento do colesterol ruim (LDL)
Cerca 70% dos pacientes foram altamente aderentes ao tratamento com inclisirana, vs 51% com alirocumabe e 48,6% com evolocumabei.
O sucesso no controle de condições crônicas depende de alguns fatores, entre eles a adesão do paciente ao tratamento, que é quando o indivíduo segue à risca a prescrição e demais orientações do médico sem falhar1. No caso do LDL-c (colesterol ruim) a má adesão ao tratamento usual com estatinas está associada ao não atingimento das metas seguras, principalmente nos pacientes com doença cardiovascular aterosclerótica (ASCVD)ii,iii. Como consequência, a doença evolui, aumentando a morbidade, a mortalidade dos pacientes, e o risco de um segundo evento1,3.
Pela primeira vez, dados de mundo real (com pessoas já em tratamento) indicam uma mudança de chave que pode ajudar médicos e pacientes a superarem o desafio da adesão. Estudos de revisão anteriores indicam que entre 40% e 70% dos pacientes descontinuam a terapia com estatinas, o que é ainda mais comum em pacientes mais velhos, aumentando seu risco cardiovasculariv.
Um estudo norte-americano, baseado no banco de dados Komodo Health, comparou a adesão de um grupo de pacientes ao tratamento contra LDL-c, utilizando como base três medicamentos: inclisirana, arlirocumabe e evolocumabe. Do total de 42.826 participantes maiores de 18 anos, 981 faziam uso de inclisirana, 11.330 de alirocumabe e 30.515 de evolocumabe. Foram considerados elegíveis ao estudo pacientes com 12 meses de envolvimento ininterrupto em uma das três terapias citadas, antes da data-índice, iniciada em 01/01/22 e 6 meses após o encerramento da data-índice1, em 31/10/2022. O cálculo da adesão ao tratamento foi estabelecido pela proporção de dias cobertos (PDC) pelo medicamento divididos pelo período de observação (6 meses após a data-índice)1. A má adesão foi definida como PDC <80% e a alta adesão, definida como PDC maior/igual 80%1.
Em relação a inclisirana, que é administrada com duas doses por ano*, 69,9% dos pacientes tiveram alta adesão ao tratamento (PDC>80%). A adesão com alirocumabe e evolocumabe, administrados a cada 2 semanas ou 1 vez ao mês, foi de 51% e 48,6%, respectivamente1.
"Quando falamos em LDL-colesterol, que se trata de uma doença silenciosa, a assiduidade ao tratamento é fundamental para o atingimento das metas. Esse tipo de estudo é importante, pois ele comprova que diferentes posologias podem interferir na adesão dos pacientes ao tratamento. Essa pode ser uma mudança de chave muito importante para a luta contra o LDL-colesterol”, disse o cardiologista do InCor, Dr. Sergio Timerman.
No Brasil, anualmente ocorrem cerca de 400 mil mortes relacionadas a doenças cardiovascularesv – número maior do que todas as mortes por cânceres somadasvi. Esses eventos têm a aterosclerose (acúmulo de gordura nas paredes dos vasos sanguíneos, principalmente causada pelo colesterol ruim (LDL) alto) como uma de suas principais causasvii,viii.
Socesp
O estudo será apresentado durante o 440 Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp). O simpósio para médicos, promovido pela Novartis, vai aprofundar o tema e discutir os desafios do tratamento do LDL-c com a participação dos cardiologistas Sergio Timerman e os pesquisadores internacionais Scott Wright e Maciej Banach.
*a partir da segunda dose
Sobre inclisirana
Comercializada sob o nome de SYBRAVA® no Brasil, inclisirana recebeu aprovação da Anvisa em junho de 2023. É indicada para adultos com hipercolesterolemia primária (familiar heterozigótica ou não familiar) ou dislipidemia mista, que não atingem a meta de colesterol ruim (LDL-c) apesar do uso de estatinas em dose máxima tolerada. O medicamento utiliza como mecanismo de ação um pequeno RNA de interferência que impede a produção hepática da proteína PCSK9, aumentando de forma natural a capacidade do organismo de remover o colesterol ruim (LDL-c) do sangue. Segundo a série de estudos ORION, que demostrou os dados de eficácia e segurança do medicamento, duas injeções da substância ao ano (a partir da segunda dose) foram suficientes para reduzir, em média, 52% dos níveis de colesterol ruim (LDL-c) em pacientes que já tomavam a dosagem máxima de estatina toleradaix,x.