- Detalhes
- Categoria: Blog
- By Fábio Reis
Vírus Gigantes do Permafrost: será mesmo um Vírus Zumbi?
Saiba o que são os vírus gigantes encontrados no permafrost, seus riscos potenciais para a saúde humana e como a mudança climática pode desencadear pandemias globais. Entenda porque chamar esses os vírus gigantes de vírus zumbi é errado (foto: Centro de Microscopia da Universidade Federal de Minas Gerais)
Nos últimos meses, tem havido uma crescente preocupação sobre a possível liberação de vírus gigantes congelados no permafrost (ou Pergelissolo) do Ártico, que podem ser uma ameaça à saúde pública global. Alguns meios de comunicação os chamam de "vírus zumbi", alimentando o medo e a ansiedade entre as pessoas que já estão traumatizadas pela pandemia da COVID-19. No entanto, é importante avaliar essas informações com cautela e entender melhor os riscos potenciais desses vírus para a saúde humana. Neste artigo, explicaremos o que são os vírus gigantes encontrados no permafrost, seu potencial de causar novos surtos de doenças e o que as pesquisas científicas têm descoberto sobre eles.
Com o aumento das mudanças climáticas, o derretimento do permafrost está se tornando um grande problema em todo o mundo. Além dos impactos ambientais, os cientistas estão preocupados com os vírus gigantes que podem estar contidos no permafrost e que, se liberados, podem causar surtos de doenças e até mesmo pandemias.
O que é permafrost?
O permafrost é uma camada de solo congelado que é encontrada em regiões frias e árticas. É formado por uma mistura de solo, rocha e gelo e pode ser encontrado em áreas como o Alasca, Sibéria e Canadá. Essas regiões têm uma temperatura média de -10 °C ou menos, o que impede que o solo descongele durante o verão.
O que são os vírus gigantes encontrados no permafrost?
Os vírus gigantes são uma classe de vírus que foram descobertos no início dos anos 2000. Eles são muito maiores do que a maioria dos outros vírus conhecidos e têm um diâmetro de até 1 micrômetro. Os cientistas acreditam que esses vírus são capazes de infectar organismos unicelulares, como as amebas, mas ainda não está claro se eles são capazes de infectar seres humanos.
Esses vírus foram encontrados no permafrost em amostras coletadas em locais como a Sibéria e o Alasca. Em um estudo publicado na revista científica "PNAS", os pesquisadores analisaram amostras de permafrost coletadas na Sibéria e descobriram um vírus gigante que tem 30 mil anos. Eles foram capazes de ressuscitar o vírus em laboratório e descobriram que ele ainda era infeccioso.
Os vírus gigantes são vírus zumbis?
É importante notar que chamar os vírus gigantes encontrados no permafrost de "vírus zumbi" não é uma terminologia precisa ou científica. Embora esses vírus possam permanecer inativos por milhares de anos, o termo "zumbi" sugere que eles são capazes de reviver e causar uma pandemia em massa, o que não é necessariamente o caso. A maioria dos vírus encontrados no permafrost ainda não foi estudada o suficiente para determinar se eles são ativos e, se forem, qual é o seu potencial de causar doenças em humanos. É importante usar terminologias precisas e baseadas em evidências para discutir sobre possíveis ameaças à saúde pública, para evitar causar pânico desnecessário ou disseminar informações equivocadas.
Os vírus gigantes são capazes de causar novos surtos de doenças?
Ainda não está claro se os vírus gigantes encontrados no permafrost podem causar novos surtos de doenças ou mesmo pandemias. No entanto, os cientistas estão preocupados com o potencial desses vírus, especialmente porque eles são capazes de permanecer inativos por um longo período de tempo.
Em um estudo publicado na revista científica "Nature Communications", os pesquisadores analisaram amostras de permafrost coletadas na Sibéria e descobriram que um vírus gigante tinha permanecido inativo por 30.000 anos. Eles foram capazes de ressuscitar o vírus em laboratório e descobriram que ele ainda era capaz de infectar células de ameba.
Alerta sobre as mudanças climáticas e pandemias
As mudanças climáticas estão causando o derretimento do permafrost em todo o mundo, o que pode liberar os vírus gigantes que estão contidos nele. É importante lembrar que esses vírus não são novos e já estavam presentes no permafrost antes do descongelamento. No entanto, as mudanças climáticas estão acelerando esse processo e tornando o descongelamento do permafrost mais comum.
É importante lembrar que nem todos os vírus encontrados no permafrost são patogênicos ou capazes de causar doenças em humanos. No entanto, é importante que os cientistas continuem estudando os vírus gigantes encontrados no permafrost para entender melhor seu potencial de causar doenças e tomar medidas preventivas caso sejam necessárias.
Deve-se notar que a pandemia da COVID-19 recente trouxe um alerta sobre a importância da prevenção de doenças emergentes. A informação precisa e baseada em evidências é fundamental para garantir a segurança pública e a saúde global. Os governos devem fornecer recursos adequados para pesquisas sobre doenças emergentes e investir em estratégias de prevenção e resposta a pandemias.
Em conclusão, embora os vírus gigantes encontrados no permafrost possam ser uma preocupação, ainda é incerto o seu potencial de causar doenças em humanos. No entanto, a mudança climática é uma realidade e pode liberar vírus e bactérias que estavam congelados por milhares de anos. É importante que os governos e a comunidade científica trabalhem juntos para monitorar e estudar essas mudanças, e para tomar medidas preventivas para evitar surtos de doenças emergentes.
Referências:
1) Legendre, M. et al. Thirty-thousand-year-old distant relative of giant icosahedral DNA viruses with a pandoravirus morphology. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America, v. 111, n. 11, p. 4274–4279, 2014.
2) Schulz, F. et al. Hidden diversity of soil giant viruses. Nature Communications, v. 9, n. 1, p. 1–9, 2018.