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- Categoria: Coronavírus | covid-19
- By Fábio Reis
Casos de puberdade precoce aumentam até cinco vezes durante pandemia, aponta estudo
As meninas são as mais acometidas pela condição que desenvolve prematuramente os caracteres sexuais
Entre as consequências da pandemia de COVID-19, o número de casos de puberdade precoce tem chamado atenção de médicos e pesquisadores por ter sofrido um aumento de até cinco vezes durante o isolamento social.
Um estudo desenvolvido por um grupo de pesquisadores do programa de pós-graduação em Endocrinologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) teve como objetivo avaliar o impacto da pandemia na incidência de puberdade precoce. O grupo realizou uma revisão sistemática de artigos publicados nas maiores bases de dados da literatura médica e encontraram 23 estudos publicados de 11 países diferentes, que incluíram em conjunto mais de 250.000 crianças com diagnóstico.
“Foi identificado aumento médio de 2,5 vezes e há estudos que apontam até 5 vezes nos casos de puberdade precoce em meninas durante a pandemia de COVID-19 em comparação aos dados pré-pandemia. Esse achado não foi detectado nos meninos, nos quais a frequência de puberdade precoce é muito menor”, explica Amanda Cheuiche, médica endocrinologista pediátrica pelo Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) e uma das pesquisadoras do estudo da UFRGS.
A Puberdade Precoce Central (PPC) é o desenvolvimento prematuro de caracteres sexuais secundários antes dos 8 anos de idade em meninas e antes dos 9 anos em meninos, resultante do aumento da secreção do hormônio liberador das gonadotrofinas (GnRH), o qual estimula a secreção hipofisária dos hormônios luteinizante (LH) e folículo-estimulante (FSH), determinando a produção precoce de esteroides sexuais pelos ovários e testículos. A puberdade precoce é considerada uma doença rara, sendo de 15 a 20 vezes mais frequente em meninas quando comparadas aos meninos.
Nas meninas, os primeiros sinais são o surgimento do broto mamário e um pequeno aumento do volume das mamas. Nos meninos, o primeiro indício é o aumento dos testículos, o que costuma ser seguido pelo crescimento do pênis e aparecimento de pelos pubianos.
As causas da puberdade são estudadas há décadas, e mesmo assim não há consenso entre os estudiosos para a causa exata deste quadro, mas a pandemia trouxe alguns pontos que foram observados. “Alguns fatores que podem estar associados a essa maior incidência como o ganho de peso, aumento do comportamento sedentário e do tempo de tela, assim como o estresse psicológico durante o período pandêmico”, destaca a especialista.
O tratamento da puberdade precoce central é feito com agonistas do GnRH, como a leuprorrelina. Estes medicamentos têm como objetivo bloquear a evolução puberal e promover a completa ou parcial regressão dos caracteres sexuais secundários, diminuir a velocidade de crescimento e a progressão da idade óssea. Seu efeito permite reduzir ou evitar a perda estatural, além de prevenir desajustes psicossociais relacionados à antecipação puberal.
O ELIGARD® 45 mg, comercializado pela Adium no Brasil, é a primeira e única leuprorrelina de uso subcutâneo, com apresentação semestral (24 semanas) para o tratamento da PPC, proporcionando o conforto de poucas aplicações durante o ano. Possui uma agulha adequada para injeção subcutânea gerando comodidade na hora da aplicação em crianças. O medicamento foi desenvolvido com uma tecnologia atrigel que é um sistema inovador de liberação controlada do medicamento ao longo do tratamento.
Em agosto de 2022, o Ministério da Saúde aprovou a atualização dos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) com avaliação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), que incorporou o medicamento ao Sistema Único de Saúde (SUS). A Conitec recomendou o tratamento de PPC em pacientes com idade igual ou superior a 2 anos de idade. Além dos benefícios de sua posologia, que possibilitam maior adesão ao tratamento.
A incorporação ao SUS é um avanço, pois significa mais conforto às crianças que precisam fazer o tratamento, uma vez que as injeções precisavam ser administradas mensal ou trimestralmente, e geravam maior número de consultas, assim como filas para receber a medicação.