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- Categoria: Mercado Farmacêutico
- By Marco Aurélio Sáfadi
A importância de novas tecnologias para proteção dos bebês contra a bronquiolite causada pelo VSR
Texto por Marco Aurélio Sáfadi - Médico especialista em pediatria e em infectologia pediátrica
A saúde infantil é uma das maiores preocupações da sociedade moderna e a proteção contra doenças virais é uma prioridade. Entre elas estão as infecções provocadas pelo vírus sincicial respiratório (VSR), que representa uma ameaça significativa à saúde dos bebês pois é um dos principais causadores de bronquiolite e pneumonia nessa população.1,2
Por isso, os cuidadores de recém-nascidos desempenham um papel fundamental na identificação precoce de sintomas ocasionados pela infecção pelo VSR, como nariz entupido, tosse, febre, perda de energia e, especialmente, os sintomas característicos do acometimento chamado trato respiratório inferior, que são o cansaço, o desconforto respiratório e o chiado no peito ao respirar. Estar atento a esses sinais é vital para buscar tratamento médico adequado, pois a condição do bebê pode evoluir e se agravar rapidamente.3,4
A potencial gravidade da infecção e suas consequências tornam a proteção contra o VSR uma prioridade para todos os pais e responsáveis. Estudos sugerem que os problemas decorrentes da infecção nos primeiros meses de vida podem causar consequências em longo prazo, com redução da função pulmonar e aumento da utilização de cuidados de saúde nos anos seguintes. Ou seja, bebês hospitalizados devido ao VSR apresentam maior risco de desenvolver doenças respiratórias crônicas que os fazem utilizar com maior frequência os recursos de saúde nos próximos anos em comparação com outras crianças.3-6
No Brasil, a taxa de incidência de hospitalização por VSR em crianças menores de 2 anos aumentou progressivamente 33% a cada ano no período de 2013-2022.7 Este fenômeno destaca a importância da prevenção e da proteção durante esses meses críticos.
Durante décadas, a pesquisa para desenvolver imunizações eficazes contra o VSR enfrentou desafios significativos. No entanto, os recentes avanços em biotecnologia e pesquisa genética têm trazido novas possibilidades. Atualmente, tecnologias de prevenção contra o VSR estão surgindo no mercado, como é o caso de um imunizante capaz de proteger todos os bebês contra a doença causada pelo VSR, administrado em dose única, sejam eles nascidos prematuros ou a termo, totalmente saudáveis ou com condições de saúde. Os resultados dos estudos de mundo real, nos países em que este imunizante foi implementado como estratégia de saúde pública, são extremamente exitosos, com diminuições dramáticas das taxas de hospitalização, consultas hospitalares e ambulatoriais relacionadas às doenças causadas pelo VSR em crianças.8-15
Apesar dos avanços tecnológicos em imunociência e prevenção, a eficiência das novas soluções depende de sua implementação no sistema de saúde – público e privado. Atualmente, está aberta uma Consulta Pública da ANS, a Agência Nacional de Saúde, reguladora dos Planos de Saúde, para que toda a população possa opinar sobre a inclusão de um novo imunizante contra o VSR para bebês prematuros na lista de cobertura dos planos de saúde. Esta é uma chance importante para que a sociedade dê a sua opinião e faça valer a sua participação social.
É essencial que haja uma colaboração ativa entre governos, organizações internacionais, terceiro setor, indústria farmacêutica e sociedade civil para garantir a distribuição eficiente dessas novas tecnologias. Programas de vacinação em larga escala e políticas de saúde pública bem estruturadas são essenciais para superar barreiras e garantir que todos os bebês recebam a proteção necessária contra o vírus sincicial respiratório e outras doenças.
* Médico especialista em pediatria e em infectologia pediátrica pela Sociedade Brasileira de Pediatria, é professor adjunto e Diretor do Departamento de Pediatria da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, membro do Comitê Técnico de Assessoramento em Imunizações do Ministério da Saúde do Brasil e Presidente do Departamento de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria. Atualmente ocupa o cargo de Co-Chair do Comitê Científico Internacional da Sociedade Mundial de Infectologia Pediátrica (WSPID) e de membro do Comitê Científico Internacional da Sociedade Europeia de Infectologia Pediátrica (ESPID)
Referências
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