- Detalhes
- Categoria: Saúde
- By Agência Saúde
Hemo 8-R aumenta qualidade de vida dos pacientes com hemofilia
Considerado como o tratamento mais moderno no mundo para a hemofilia tipo A, o fator VIII recombinante, rotulado com a marca Hemo-8r, é resultado da parceria pública privada (P&P) firmada pela Hemobrás para transferência e desenvolvimento de tecnologia de produção deste medicamento em 2013. Em dezembro de 2014, os produtos resultado dessa parceria passaram a ser ofertados no SUS com a marca da Hemobrás. Foram distribuídas 542.500.000 UI de Fator VIII recombinante entre junho de 2013 e março de 2015. Entretanto, o Ministério da Saúde já disponibilizava o Fator VIII plasmático para o tratamento dos pacientes com Hemofilia A. Durante o ano de 2014, foram distribuídas 268.383.750 UI deste medicamento.
O medicamento plasmático é produzido a partir de proteína encontrada no plasma do sangue humano, mas em baixa quantidade. Já o recombinante é obtido por meio de engenharia genética. Ao contrário do fator plasmático, o recombinante tem produção ilimitada em laboratório e, por isso, pode ser oferecido para tratamento profilático (preventivo). Antes, o tratamento era praticamente restrito ao atendimento de emergência.
“Estamos utilizando esse tratamento (fator VIII recombinante) pela facilidade da produção, já que independe das doações de sangue, como acontece com o fator VIII plasmático. O país não tem como produzir o fator VIII plasmático para disponibilizar a todos hemofílicos. Não temos plasma das doações suficiente para gerar 600 milhões de unidades. O recombinante, veio, exatamente, para suprir essa carência da produção do fator plasmático”, explica o coordenador-geral de Sangue e Hemoderivados do Ministério da Saúde, João Baccara. Segundo o coordenador, fator VIII recombinante é mais fácil de produzir, pois não depende das doações de sangue. “Então, somado ao fator plasmático, o Ministério tem condições de ampliar a oferta dos produtos e o acesso dos hemofílicos ao tratamento”, complementa Baccara.
Em menos de dois anos foram distribuídos mais de 1,2 milhão de frascos do recombinante para os hemocentros de todo o Brasil. A distribuição de Fator VIII recombinante ocorre de forma regular com 35.000.000 UI/mês, o que corresponde a 70% da necessidade mensal de Fator VIII utilizado no tratamento dos pacientes com hemofilia A. Os outros 30% da demanda são atendidos com Fator VIII plasmático e distribuídos para pacientes acima de 30 anos de idade por questões de planejamento.
Em 2014, foram disponibilizados para a Hemorrede Pública nacional cerca de 625 milhões de UI de Fator VIII, superando a meta de 3UI per capita preconizada pela Federação Mundial de Hemofilia. No mesmo ano, as modalidades de tratamento Profilaxia Primária e Imunotolerância foram oficializadas em Portarias Ministeriais 364 e 478, respectivamente.
Avanços no tratamento do SUS
Ministério da Saúde apresenta balanço com os avanços da Política de Sangue e Hemoderivados. Um exemplo é a oferta do fator VIII recombinante
A hemofilia se apresenta por dois tipos – A ou B –, atinge predominantemente o sexo masculino e não tem cura. A doença, que vitimou personalidades como o cartunista Henfil e seu irmão, o sociólogo Betinho, é grave, hereditária e genética. Entre os sintomas registrados estão as hemorragias e sangramentos constantes.
O Brasil é o terceiro país do mundo em número de portadores de coagulopatias (enfermidades do sangue). Diante deste cenário, desde 2004 a Coordenação-geral de Sangue e Hemoderivados (CGSH) desenvolve uma política de atenção aos pacientes com coagulopatias hereditárias, trabalhando tanto no fornecimento de pró-coagulantes, quanto no fomento da assistência prestada a estes pacientes.
Desde 2011, o Ministério da Saúde passou a promover uma série de avanços na política de atenção aos pacientes com coagulopatias hereditárias que impactaram, de forma positiva, na qualidade de vida dos pacientes, com a implantação de tratamentos de Imunotolerância e Profilaxia Primária, de forma preliminar.
No mesmo ano, o tratamento domiciliar deixou de ser considerado de urgência e passou a ser um tratamento de prevenção e promoção à saúde, uma vez que foi recomendada pelo Ministério da Saúde a ampliação das doses domiciliares. A iniciativa proporcionou mais qualidade de vida ao paciente submetido ao tratamento, oferecido pelo SUS.
Em 2012, o Ministério da Saúde recomendou a Profilaxia Secundária, que passou a ser realizada de duas formas. Na modalidade de curta duração, o tratamento, com reposição do fator coagulante, é administrado de maneira intermitente por tempo determinado (3 a 12 meses) para tratamento de sangramentos frequentes e complicações. Pode ser aplicada a pacientes com qualquer uma das formas de hemofilia. Já na de longa duração, o tratamento de reposição é administrado de maneira periódica e ininterrupta a longo prazo (45 semanas por ano), iniciado após duas ou mais hemartroses (sangramento para o interior da articulação) ou após os dois anos de idade. A profilaxia secundária de longa duração é destinada somente a pacientes com hemofilia A ou B grave.
O conjunto das medidas adotado pelo Ministério da Saúde possibilitou, em maio de 2014, o reconhecimento da Federação Mundial de Hemofilia à Coordenação Geral de Sangue e Hemoderivados do Ministério da Saúde pela contribuição na promoção do cuidado e tratamento das pessoas com hemofilia e outras doenças hemorrágicas no Brasil.
Por Fábio Ruas, da Agência Saúde
Você sabia que mulheres também podem ser hemofílicas?
Por mais que a predominância da hemofilia seja masculina, mulheres também podem ser hemofílicas. “É muito mais raro, pois a coagulopatia é ligada ao cromossomo X. Como a mulher tem dois cromossomos x, ela precisa herdar os dois alterados, do pai e da mãe”, esclarece a hematologista.
Para uma mulher hemofílica pode haver algumas complicações com a menstruação e a gravidez. “No caso da mulher hemofílica, depende da gravidade do caso. Algumas pacientes conseguem menstruar normalmente e outras precisam interromper a menstruação com o uso de anticoncepcionais. Caso a mulher tenha o desejo de engravidar, é necessário fazer uma avaliação e um acompanhamento especial com o ginecologista. A hemofilia não interfere no funcionamento do aparelho reprodutor e o fator coagulante pode ser usado durante a gravidez e no parto, sem prejudicar o desenvolvimento do bebê”, finaliza.
Por Gabriela Rocha/ Blog da Saúde