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- Categoria: Saúde
- By Fábio Reis
FDA aprova comercialização de primeira terapia genética contra câncer
Os Estados Unidos aprovaram a primeira terapia genética de uso comercial do país para o tratamento de câncer. A FDA, agência que regulamenta o uso de medicamentos, deu sinal verde para a aplicação de um tratamento que demonstrou ser eficiente em pacientes com leucemia e prognóstico ruim. Os pacientes que podem se beneficiar com a técnica são crianças ou jovens de até 25 anos com leucemia linfoide aguda que não reagem aos tratamentos normais. Em um teste realizado em 12 países, 83% dos participantes viram sua doença perder intensidade. Um ano depois, dois terços estavam livres do câncer.
O tratamento, desenvolvido pela Novartis e batizado de Kymriah, baseia-se na técnica CART. A terapia começa com a extração de linfócitos do paciente, os quais serão depois levados a um laboratório da empresa farmacêutica. Ali, com o uso de vírus da aids mutilados, os linfócitos são alterados geneticamente a fim de melhorá-los e transmitir-lhes capacidade para atacar as células tumorais que normalmente escapariam de sua ação. Por fim, essas células imunes aperfeiçoadas são injetadas na expectativa de que realizem o seu trabalho.
Esse tipo de glóbulo branco melhorado já provocou efeitos colaterais graves no passado. A morte de cinco pacientes por inflamação do cérebro levou a empresa Juno Therapeutics, dos EUA, a suspender um teste que utilizava uma técnica semelhante. A Novartis não registrou esse tipo de problema em seus testes.
Segundo o jornal The Washington Post publicou há algumas semanas, embora a Novartis não tenha revelado os custos de sua terapia contra a leucemia, os analistas estimam que a injeção única custará entre 250.000 euros e 500.000 euros (925.000 reais e 1,8 milhão de reais). A empresa afirma que irá trabalhar no sentido de fazer com que o preço do medicamento “se baseie nos resultados clínicos atingidos, que eliminariam as deficiências do sistema e saúde”. Ela estaria fazendo uma negociação para que o tratamento só seja pago quando os pacientes reagirem em até um mês desde a sua aplicação.
A aprovação é um novo passo que aproxima mais a terapia genética da prática médica comum. A ideia vem sendo testada há mais de duas décadas, mas parece que finalmente começam a ser superadas as dificuldades técnicas para encontrar os vírus apropriados para promover as alterações genéticas nas células humanas sem causar efeitos colaterais muito graves. No começo deste século, o uso de retrovírus como vetores para os novos genes provocou vários casos de leucemia. Com as novas técnicas, que usam lentivirus, a segurança é muito maior.
Fonte: El País.