Jovem sofre reação alérgica, que gerou dano cerebral, ao cheirar pimenta para sentir o aroma.

O caso da jovem Thais Medeiros de Oliveira, de 25 anos, que teve uma reação alérgica após cheirar um vidro de pimenta em conserva para sentir o aroma, é um alerta para a gravidade das alergias e como elas podem desencadear consequências graves. 

Uma reação alérgica é uma resposta imunológica do corpo a uma substância estranha, chamada alérgeno, que é percebida como uma ameaça. O sistema imunológico libera uma substância chamada histamina, que causa inflamação, coceira, vermelhidão e inchaço, entre outros sintomas.

No caso de Thais, a reação alérgica desencadeou uma parada cardíaca, que resultou na falta de oxigenação no cérebro. Segundo o médico da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Santa Casa de Anápolis, Rubens Dias, a lesão foi causada por um período em que o cérebro não recebeu oxigenação adequada porque o coração não estava bombeando sangue para o corpo. Esse tipo de lesão pode ser irreversível e ter um potencial de gravidade muito grande.

A jovem teve que ficar mais de 20 dias na UTI em Anápolis, a 55 km de Goiânia, e agora segue em recuperação na enfermaria da Santa Casa de Anápolis. Segundo um dos médicos que a acompanha, ela deve ser transferida para um centro de reabilitação. No entanto, o prognóstico neurológico dela é grave, e é pouco provável que ela consiga voltar às atividades habituais. 

Embora alergias a alimentos sejam comuns, o caso de Thais é incomum por causa da gravidade da reação alérgica. A mãe de Thais, Adriana Medeiros, conta que a filha tinha bronquite e asma e sofria com crises alérgicas, mas nunca havia registrado reação à pimenta. O médico alergista da Santa Casa, Lany Noleto, explica que asma é uma doença inflamatória, em que a crise pode ser provocada por um motivo "irritante". No entanto, é importante ressaltar que cada pessoa é única e pode reagir de maneiras diferentes a alérgenos.

Pimentas e reações alérgicas

As pimentas são uma fonte popular de sabor e tempero em todo o mundo, mas também podem representar um risco para pessoas que são alérgicas a elas. As pimentas contêm uma variedade de compostos que podem desencadear reações alérgicas em algumas pessoas, incluindo capsaicina, dihidrocapsaicina, capsiate e outros alcaloides. 

As reações alérgicas às pimentas podem variar de leves a graves e podem incluir sintomas como coceira, inchaço, urticária, erupções cutâneas, asma, dificuldade para respirar, náusea, vômito e até mesmo anafilaxia, uma reação alérgica potencialmente fatal que pode causar choque anafilático. 

Existem vários casos registrados de alergias a pimentas na literatura médica. Por exemplo, um estudo publicado em 2011 no Journal of Investigational Allergology and Clinical Immunology descreveu o caso de uma mulher que desenvolveu uma reação alérgica grave após ingerir uma pequena quantidade de molho de pimenta. A mulher experimentou sintomas como inchaço na língua e nos lábios, dificuldade para respirar e pressão arterial baixa.

Outro caso foi descrito em um artigo publicado no Annals of Allergy, Asthma & Immunology em 2001, no qual um homem desenvolveu uma reação alérgica após inalar fumaça de pimenta que estava sendo cozida. Ele experimentou sintomas como coceira, inchaço e dificuldade para respirar.

Em geral, é importante que as pessoas com alergias a pimentas evitem consumi-las e fiquem atentas aos alimentos que podem conter pimentas como ingrediente. As pessoas devem estar cientes dos alérgenos que podem afetá-las e tomem medidas de precaução, como evitar o contato com substâncias que podem desencadear uma reação alérgica. Além disso, é fundamental buscar tratamento médico imediatamente em caso de sintomas de uma reação alérgica, para evitar consequências mais graves.