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- Categoria: Coronavírus | covid-19
- By Fábio Reis
A suécia chamou a atenção mundial por sua estratégia de enfrentamento à pandemia do novo coronavírus (SARS-CoV-2) que é um pouco diferente da de seus vizinhos europeus que adotaram regras rígidas e inclusive lockdown para mitigar a curva da pandemia.
A Agência de Saúde Pública da Suécia, comandada pelo epidemiologista Anders Tegnell, recomendou, sem determinar, apenas: trabalho home office, evitar viagens, distanciamento social, proibição de aglomeração para mais de 50 pessoas, distanciamento das mesas de restaurantes e escolas, que maiores de 70 anos e pessoas com sintomas da doença fiquem em casa.
Um dos pontos favoráveis à suécia é a cultura local, no país a maioria dos lares são ocupados por apenas uma pessoa, também não há uma cultura de aglomeração e grande parte da população já possuía um trabalho flexível e passar a adotar o home office não foi um grande problema. Também não há aglomerações nos transportes públicos como observamos na maioria dos países.
Mesmo sem regras rígidas o país consegue manter um índice de distanciamento social alto. Um meme que se tornou popular no país é um que mostra o ponto de ônibus com pessoas distantes uma das outras antes e durante a pandemia, brincando que as orientações de prevenção já eram comuns no país.
A suécia neste momento possui 28582 casos confirmados com 3529 mortes (em 14/5) para uma população de 10 milhões. O país ocupa o 24º país com mais incidência do coronavírus.
Algumas medidas que foram adotadas pelo governo sueco para enfrentar o coronavírus incluem:
- Suspensa temporariamente a apresentação obrigatória de atestado médico para receber subsídio de doença. (13 de março)
- Recomendado o encerramento das escolas secundárias e dos estabelecimentos de ensino superior, continuando o ensino a ser ministrado à distância. (17 de março)
- Proibido serviço ao balcão em restaurantes e bares, continuando a ser permitido serviço à mesa. (24 de março)
- Proibidos ajuntamentos humanos com mais de 50 pessoas. (29 de março)
- Proibidas as visitas aos "lares de idosos" (äldreboende) (1 de abril)
- Proibidas compras de medicamentos nas farmácias para mais de 3 meses. (1 de abril)
- Recomendada a limitação do número de clientes nas lojas. (1 de abril)
- Recomendada a limitação do número de utentes nos transportes públicos. (1 de abril)
- Recomendadas atividades desportivas ao ar livre, e suspensão de jogos. (1 de abril)
- Recomendado não fazer viagens desnecessárias ao estrangeiro. (3 de abril)
- Proibidas entradas na Suécia, com exceção para cidadãos nacionais, residentes e profissionais com justificações consideradas importantes.
Segundo o consultor da Agência de Saúde Pública, Johan Giesecke , ex-epidemiologista do estado, "Nós, ou o governo sueco, decidimos no início de janeiro que as medidas que devemos tomar contra a pandemia devem ser baseadas em evidências. E quando você começa a analisar as medidas que estão sendo tomadas agora por diferentes países, verá que muito poucas delas têm um pingo de evidência [...] Mas sabemos de uma que é conhecida há 150 anos ou mais, que lavar suas mãos são boas para você e para os outros quando você está em uma epidemia. Mas o resto, fechamento de fronteiras, fechamento de escolas, distanciamento social ... quase não há ciência por trás disso".
Porém, o governo sueco e seus representantes negam que a imunidade de rebanho (ou passaporte imunologico) faz parte da estratégia sueca.D e acordo com o epidemiologista Anders Tegnell, a imunidade de rebanho não faz parte da estratégia do país "não teríamos feito nada e deixado o coronavírus correr desenfreado".
Independente da falta de regras rígidas a suécia também vai sofrer forte impacto na economia. Segundo Magdalena Andersson, ministra da economia, o PIB poderá encolher em 10% este ano e o desemprego poderá subir para 13,5%. Lovin, vice-primeiro ministro, disse que 90.000 pessoas pediram desemprego nas últimas quatro a cinco semanas.
Em 14 de abril, uma carta aberta foi enviada aos jornais suecos assinado por 22 prestigiados pesquisadores, dizendo que a estratégia da agência de saúde pública sueca levaria ao "caos no sistema de saúde" e também reclamaram da falta de transparência, denuncia que foi rebatida pelo governo.
Nos últimos dias os casos na suécia aumentaram e o país lidera a lista entre os país escandinavos com o maior número de contaminados e óbitos. Recentemente
Outro ponto é que a suécia é o país nórdico que possui o menor número de UTI por cem mil habitantes (5.8), em comparação com a Dinamarca (6.7), Noruega (8.0) e Finlândia (6.1).
Um dos grandes problemas da suécia é o aumento de casos em lares de idosos que estão chamando a atenção da mídia internacional. A rádio pública sueca Sveriges Radio afirmou que foram detectados casos de coronavírus em um terço dos asilos da capital sueca, Estocolmo.
Recemente Donald Trump, presidente dos EUA, se somou ao coro que crítica a estratégia da suécia ""Se tivéssemos seguido a estratégia sueca, poderíamos ter dois milhões de mortos", disse.
O podcast xadrez verbal fez uma análise do estudo de caso sobre as estratégias da suécia, escute em http://www.central3.com.br/especial-coronavirus-07/
Com informações de Swedish Government, Análise do Dr. Tae Hoon Lim para EuroNews e Quartz.
Texto por Fábio Reis
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