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- Categoria: Saúde
- By Fábio Reis
OMS convoca governos a adotar medidas para conter a resistência antimicrobiana
A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou uma campanha que convoca governos a adotar medidas para conter a resistência de bactérias a medicamentos — a chamada resistência antimicrobiana. Uma das causas desse problema de saúde pública é o consumo inadequado de antibióticos.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou uma campanha que convoca governos a combater a resistência de bactérias a medicamentos — a chamada resistência antimicrobiana. Uma das causas desse problema de saúde pública é o consumo inadequado de antibióticos.
A estratégia da agência da ONU classifica os antibióticos em três grupos – Acesso, Vigilância e Reserva – e especifica quais remédios usar para as infecções mais comuns e graves. O plano do organismo internacional — chamado AWaRe — também determina quais medicamentos devem estar disponíveis em todos os momentos no sistema de saúde e quais devem ser usados com parcimônia ou apenas como último recurso.
Segundo a OMS, em muitos países, mais de 50% dos antibióticos são utilizados de forma inadequada. Entre os episódios de uso incorreto, estão casos em que um antibiótico para infecções bacterianas é utilizado para tratar vírus. Outras situações envolvem a escolha do antibiótico errado, que contempla um espectro mais amplo de agentes infecciosos. Ambos os exemplos contribuem para a resistência antimicrobiana.
“A resistência antimicrobiana é um dos mais urgentes riscos à saúde do nosso tempo e ameaça desfazer um século de progresso”, aponta Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS.
“Todos os países devem encontrar um equilíbrio entre a garantia do acesso a antibióticos que salvam vidas e a redução da resistência aos medicamentos, reservando o uso de alguns antibióticos para as infecções mais difíceis de serem tratadas.”
Uma das preocupações mais urgentes é a disseminação de bactérias gram-negativas resistentes, incluindo a Acinetobacter, Escherichia coli e Klebsiella pneumoniae. Essas bactérias — que são comumente observadas em pacientes internados — causam infecções como pneumonia, infecções da corrente sanguínea, feridas ou infecções associadas a cirurgias e meningite. Quando os antibióticos deixam de funcionar de forma eficaz, são necessários tratamentos mais caros e internações hospitalares, com impactos para os orçamentos de saúde já sobrecarregados.
“A resistência antimicrobiana é uma pandemia invisível”, afirma Mariângela Simão, diretora-geral adjunta de Acesso a Medicamentos.
“Já estamos começando a ver sinais de uma era pós-antibiótica, com o surgimento de infecções que são intratáveis por todas as classes de antibióticos. Devemos proteger esses preciosos antibióticos de última geração para garantir que ainda possamos tratar e prevenir infecções graves.”
Ao mesmo tempo, muitos países de baixa e média renda ainda convivem com lacunas consideráveis na disponibilidade de antibióticos. As mortes na infância por pneumonia — estimadas globalmente em cerca de 1 milhão por ano — devido à falta de acesso a antibióticos continuam frequentes em muitas partes do mundo.
Medidas contra a resistência antimicrobiana
Embora mais de cem países tenham implementado planos nacionais para combater a resistência antimicrobiana, apenas um quinto desses planos são, de fato, financiados e implementados.
A nova campanha da OMS visa aumentar a proporção do consumo global de antibióticos no grupo Acesso para pelo menos 60% e reduzir o uso de antibióticos com maior risco de resistência dos grupos Vigilância e Reserva.
O uso de antibióticos do grupo Acesso reduz o risco de resistência porque eles são de “espectro estreito” — ou seja, têm como alvo um microrganismo específico em vez de vários. Esses medicamentos também são menos caros porque estão disponíveis em formulações genéricas.
Na ausência de investimentos significativos no desenvolvimento de novos antibióticos, a melhoria do uso desses remédios é uma das principais ações para conter o surgimento e a disseminação da resistência antimicrobiana.
Ao classificar os antibióticos em três grupos distintos e dar aconselhamento sobre quando usá-los, a estratégia da OMS torna mais fácil para os formuladores de políticas e profissionais de saúde selecionar o remédio adequado no momento certo e preservar a eficácia desses medicamentos.
Fonte: Organização Mundial da Saúde (OMS)