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- Categoria: Saúde
- By Fábio Reis
Relatório da OMS destaca avanço tímido na redução do número, mas alerta para desigualdades regionais.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou um relatório que aponta o déficit global de enfermeiros como um desafio persistente. Apesar de avanços pontuais, ainda há preocupação com a desigualdade entre países mais e menos desenvolvidos.
Segundo a entidade, em 2020 faltavam 6,2 milhões de profissionais da enfermagem no mundo. Com dados atualizados até 2023, o número caiu para 5,8 milhões, indicando uma redução.
A projeção da OMS, no entanto, aponta que esse déficit pode alcançar 4,1 milhões até 2030, caso o ritmo atual se mantenha. Apesar da melhora, o acesso igualitário à força de trabalho em enfermagem ainda é um obstáculo em várias regiões.
Falta de enfermeiros preocupa no mundo
Um novo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostra que o número de profissionais chegou a 29,8 milhões em 2023. Apesar disso, a desigualdade na distribuição de enfermeiros no mundo ainda persiste entre os países.
O documento integra o estudo State of the World’s Nursing 2025, que revela que 78% dos enfermeiros estão concentrados em países que abrigam apenas 49% da população mundial.
Esse desequilíbrio afeta principalmente países de baixa renda, que enfrentam escassez crônica de profissionais. Dessa forma, a disparidade compromete o acesso e a qualidade dos serviços de saúde.
Embora tenha havido um crescimento no número global de enfermeiros, a desigualdade permanece como um dos principais desafios. A OMS alerta que a falta de profissionais em regiões vulneráveis limita a capacidade de resposta a emergências.
O cenário também revela a necessidade de políticas públicas voltadas à formação e retenção de profissionais em áreas carentes. Investimentos estratégicos são apontados como um caminho para reduzir a disparidade.
Brasil também enfrenta desigualdade na distribuição de enfermeiros
Essa disparidade na distribuição de enfermeiros pelo mundo também se reflete no Brasil. Segundo o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), o país conta com mais de 780 mil profissionais da área em atividade.
No entanto, apenas o estado de São Paulo concentra quase 200 mil desses trabalhadores. A escassez de enfermeiros é evidente em diversas regiões, principalmente no interior e em áreas com menor infraestrutura.
Para Raul Canal, presidente da Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética (Anadem), o problema se repete com os médicos e está ligado a questões estruturais do sistema de saúde.
“Não se trata apenas de má gestão de recursos humanos, mas de uma falha estrutural na formulação das políticas públicas de saúde”, afirma.
Os dados da OMS apontam para uma tendência de redução no déficit de profissionais nos próximos anos. No entanto, especialistas destacam que, para diminuir também a desigualdade, é fundamental investir em políticas públicas que atraiam enfermeiros para regiões mais afastadas, inclusive no Brasil.