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- Categoria: Mercado Farmacêutico
- By fabio
A venda de repelentes aumentou nos últimos três meses em Sorocaba. As farmácias da cidade apontam um crescimento de até 20 vezes, em comparação a novembro do ano passado, e apontam os dois principais motivos: as férias de verão e o medo do mosquito transmissor da dengue.
Essa preocupação é compartilhada pela artesã Marama Venceslau Cardoso, 27 anos, mãe de duas crianças: um menino de 6 anos de idade e uma menina de 8 meses. Ela passa diariamente um repelente na pele dos filhos, hábito adotado mesmo antes da disseminação da doença pela cidade.
Marama aplica o produto no casal pela manhã, tanto na forma líquida quanto cremosa. "Assim eu fico mais sossegada com esse tipo de segurança, pois dá medo de eles contraírem a dengue tão pequenos", comenta.
A operadora industrial Ivana Branca Garcia, 32, também não sai de casa sem passar o repelente em sua filha Weydan, 2. A criança permanece praticamente o dia todo no Centro de Educação Infantil 85, no bairro Montreal, e fica protegida contra a ameaça do mosquito. "Aplico uma vez pela manhã, outra à noite e fico um pouco mais tranquila", diz.
O uso do repelente tem refletido no aumento das vendas do produto em farmácias de Sorocaba. Em um estabelecimento comercial situado à praça Coronel Fernando Prestes, os vendedores dizem que, atualmente, são vendidos diariamente uma média de 20 unidades. Em novembro de 2010, o número era de um repelente por semana. "Mas esse aumento também é ocasionado pela época de verão", comenta uma vendedora.
Em outra farmácia da cidade, situada à rua São Bento, também houve um crescimento nas vendas. A Secretaria Municipal de Saúde afirma ser aconselhável o uso de repelente de uso tópico ou de ambiente. O produto deve ser passado apenas nas áreas expostas do corpo e reaplicado na pele a cada duas horas para garantir proteção adequada.
Segundo a Vigilância Epidemiológica, cada indivíduo deve usar o repelente indicado para a sua pele. A maioria dos produtos é indicado para idade superior a dois anos de idade.
A Prefeitura de Sorocaba tem orientado a população em relação às ações preventivas. A Seção de Controle de Zoonoses, da Secretaria da Saúde de Sorocaba (SES), enviou ontem uma equipe de agentes ao bairro da Vila Helena e uma infração foi registrada. O morador, cuja identificação não foi divulgada, recebeu uma multa em dinheiro por manter locais propícios para a proliferação do mosquito. A Prefeitura não soube informar o valor da punição.
Segundo a SES, o combate à dengue é permanente na cidade. Uma série de ações preventivas tem sido feita pelo município, entre elas, a orientação à população e o combate aos criadouros do mosquito transmissor.
Na parte preventiva, os agentes da Zoonoses são divididos em equipes para realizar visitas às casas. Este trabalho é feito de segunda a sexta-feira e, quando necessário, aos fins de semana.
Quando um caso suspeito da doença é notificado, outras ações são deflagradas, envolvendo a Seção de Zoonoses e a equipe técnica da Vigilância Epidemiológica. Em um raio de 200 metros da residência do paciente, antes mesmo da confirmação por meio de exame de sangue, equipes realizam a chamada operação de bloqueio.
Os agentes fazem uma varredura naquela região, orientam moradores a colaborarem com a prevenção e entregam material informativo sobre os sintomas da dengue e como a pessoa deve proceder ao manifestar os sinais da doença.
Dores são "insuportáveis"
A escrevente Adriana Moreti, 40 anos, contraiu a dengue há 11 anos em Piracicaba. A doença provocou dores "insuportáveis" pelo seu corpo e os sintomas permaneceram durante uma semana. Atualmente, a vítima da picada do mosquito transmissor mora em Votorantim e toma todos os cuidados para evitar a proliferação do inseto.
Adriana morava na cidade de Americana quando contraiu a dengue e viajava todos os dias a Piracicaba para trabalhar. No fim do expediente, começou a sentir dores no corpo e fraqueza. "Eu não conseguia colocar os braços sobre a mesa para escrever e os meus tornozelos ficaram doloridos por eu tentar caminhar", comenta.
No dia seguinte, Adriana voltou ao trabalho. Estava com febre, dor no corpo e com manchas na pele. Durante uma caminhada, precisou se sentar em um degrau de uma escada por não suportar o cansaço. "Eu percebi que realmente não estava bem e procurei um médico", diz. Ao procurar um médico, fez exames de sangue e o resultado ficou pronto sete dias depois. Um membro da Vigilância Epidemiológica de Piracicaba entrou em contato com Adriana uma semana depois da coleta do material e informou que ela estava com dengue. "O médico até me deu uma bronca, pois eu continuei trabalhando mesmo debilitada", comenta.
Adriana começou a melhorar sete dias depois dos primeiros sintomas. As dores diminuíram e ela voltou a ter uma vida normal. "Corri um grande risco, mas ainda bem que fiquei boa", completa. A escrevente mora atualmente em Votorantim, local onde tem sido registrados casos da doença. Como prevenção, ela tem usado um aparelho elétrico para repelir os mosquitos.
Segundo o Ministério da Saúde, a dengue não é transmitida de pessoa para pessoa. Seu principal vetor é o mosquito Aedes aegypti que, após um período de 10 a 14 dias, contados depois de picar alguém contaminado, pode transportar o vírus da dengue durante toda a sua vida.
O ciclo de transmissão ocorre do seguinte modo: a fêmea do mosquito deposita seus ovos em recipientes com água. Ao saírem dos ovos, as larvas vivem na água por cerca de uma semana. Após este período, transformam-se em mosquitos adultos, prontos para picar as pessoas. O Aedes aegypti procria em velocidade prodigiosa e o mosquito adulto vive em média 45 dias.
Fonte: Cruzeiro do Sul
Notícia publicada na edição de 02/03/2011 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 006 do caderno A